terça-feira, 30 de setembro de 2014

Por que escrever?

Hoje eu li brevemente a biografia de Clarice Lispector (isso me torna gay?), e em certa entrevista ao "O Globo" em 1976 foi indagada com o questionamento:

J.C. "— Por que você escreve?

C.L. "— Vou lhe responder com outra pergunta: — Por que você bebe água?"


J.C. "— Por que bebo água? Porque tenho sede."

C.L. "— Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva."


Disponível em: http://www.releituras.com/clispector_bio.asp

Minha realidade é que faz um bom tempo que não consigo produzir ideias sólidas e sinto minha capacidade criativa apagada. Poderia indicar inúmeros responsáveis por isso, mas seria um tanto injusto, afinal, a criatividade é uma aptidão que depende da disposição do homem para ser lapidada.

Não sou igual a ela, de forma alguma. Mas a sagacidade da resposta me fez pensar o dia inteiro.

"O mundo por si só exerce um esforço sobrenatural para reduzir nossas capacidades criativas e racionais, e assim tornam-se grandes herois aqueles que reconhecem essa realidade como trivial e não somente se defendem, mas contra-atacam e mostram personalidade ao serem vistos como estranhos e ousados."

Quando a criatividade acabar, estarei morto; é uma chama que preciso manter acesa enquanto tiver de pensar sobre minha existência. Sei que minhas ideias são traduzidas para a língua dos homens com enorme dificuldade, e, para não ser visto como louco (como posso estar sendo agora) sei que é preciso de prática. Muuuuuuuita prática. Sonho com um mundo melhor, em qualquer continente. E sonho muito mais em conseguir traduzir a língua dos anjos para a língua dos homens algum dia, em um texto ou em uma música. Talvez no milésimo texto ou na milésima canção eu consiga, desde que não pare de escrever.