terça-feira, 22 de dezembro de 2020

voo de galinha

Cara, revisitei essa espelunca com o intuito de escrever sobre alguma outra coisa, praticar mais minha escrita e logo percebi que preciso dar um update aqui. O último post foi no começo do ano e PUTA QUE PARIU mano, que ano mais psicopata foi esse....

Porra, acredito que uma conquista interessante que tive em 2020 foi conseguir perder o resto da minha grana do seguro de vida. Sim, não é tão simples e nem romântico pensar dessa forma, mas a real é que tomei a decisão de mergulhar no mercado financeiro e tentar fazer a minha vida daquilo. Sendo bem sincero, acho que nem houve sequer uma ascensão. Meus highs como trader pareceram mais um voo de galinha mesmo. Vinha numa crescente interessante na época que escrevi o último post em fevereiro, mas não demorou muito pra que as sequências desastrosas começassem a rolar e fui perdendo tudo aquilo que tinha ganhado e o que tinha a perder. No final das contas, trabalhei minhas habilidades de carinha do Excel e encarei a lógica de programação como algo que seria possível aprender. Na verdade foram uns códigos bem bosta mesmo, mas o simples fato de conseguir executar uma macro pra limpar células já me fazia pensar ser um cara foda (Dunning-Kruger fudido). Hoje no final do ano continuei usando o Tools, que é uma ferramenta pra calcular a rentabilidade de operações em mercados futuros, pelo menos parece ser algo mais elaborado que simplesmente comprar quando cruzar uma linha azul ou vermelha e torcer pra não dar merda.

Mas quando a pandemia começou a se mostrar séria eu senti na pele, carne e alma pela primeira vez o pânico dos mercados. Minha sensação era de ansiedade extrema quando tinha posição em aberto e a corretora não executava as ordens pra sair da posição perdedora, e cheguei a carregar um ajuste de 1400 mangos pro dia seguinte, sabendo que a mandioca podia ser mais grossa do que isso e pior, podia ser zerado na corretora e ficar devendo dinheiro pra eles. PQP seria uma fudição enorme. E por outro lado me aliviava ver que tinha muita gente na merda nessas primeiras semanas de março. Eu fui limpado do mercado, até tentei operar por uma mesa proprietária e passei no teste, mas depois de um mês atingi o limite de perda e fui cuspido de lá. Foi a morte de um plano, um fracasso gigante e eu precisei aceitar que optei e tinha ciência do risco que eu corria. E carrego comigo o fato de ter quebrado de verdade pela primeira vez.

Numa próxima oportunidade eu continuo fazendo o recap desse ano doido que tá acabando. flw

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Confissões de um trader autosabotador

Continuando as admissões brutalmente honestas, decidi concluir minhas confissões em outro post, pra não deixar os posts muito longos. Mas antes um pequeno lembrete emocional:

~ Vi mais cedo alguns vídeos que havia publicado no Youtube, na época pré-Dublin e o clipezinho que fiz do The Scientist no Phoenix Park. O que senti foi uma nostalgia remota, um saudosismo leve, mas que me não me derrubou em lágrimas como numa outra vez. Acredito que o motivo é que, além do tempo passado (quatro anos), hoje aceito mais as reviravoltas que a corrente da vida me levou. Um dia preciso escrever sobre o episódio do surto, não posso deixar isso cair no esquecimento. Foi minha maior tragédia pessoal, e tive a sorte de conseguir voltar a ser uma pessoa aparentemente normal na sociedade.

Puta que pariu, que "pequeno lembrete".

Mas ok. Retratando a minha situação atual, estou praticamente na faixa de pedestres com a avenida vazia e hesitando atravessar. Escrevo pra refletir essa autosabotagem, se tem relação com algum medo de realmente ser bem sucedido, ou com  a dura realidade que o sucesso se dá com pesado e constante esforço, ou talvez a mistura dos dois, trazendo à tona o fato de que nesse momento o meu sucesso simplesmente de mim e como eu organizo minha vida... e ao mesmo tempo vejo que toco minha vida como um pandeirista bêbado

Em termos concretos, o que tenho feito é negociações em mercados financeiros há pouco mais de um ano. Quando comecei a me interessar pelo assunto, tinha emprego de carteira assinada e justificava os maus resultados nas minhas ocupações celetistas. Daí decidi morar na casa de baixo, lutei contra espíritos malignos, tentei trazer prosperidade à região amazônica, me senti um arcanjo, perseguido por coisas secretas... enfim, os níveis descontrolados de dopamina me levaram ao psiquiatra outra vez. Fiquei boa parte de 2019 perdendo dinheiro nos mercados justificando que seria o preço do aprendizado. Acontece que, consegui novo emprego, continuei 'tradando', e vi que não conseguiria fazer ambos ao mesmo tempo.

No final do ano escolhi sair do emprego novamente ~ sim, a palavra é escolher ~ e tentar pela última vez ter sucesso na bolsa de valores, especificamente em mercados de futuros, minicontratos de índice Bovespa. Racionalmente, uma escolha ridícula. Não haveria espaço para um termo como 'arrojado', por simplesmente ter sido uma escolha de risco muito alto. Sem precisar mencionar a quantidade de dinheiro posta à mesa.

Especular em bolsa de valores não é necessariamente uma aposta, dentro desse nicho de alto risco existem escolhas menos arriscadas. Mas o risco é definido de forma bastante emocional, decidido em pequenos instantes. E o que essa experiência arriscada mais vem me trazendo é a responsabilidade em assumir as escolhas feitas. Mesmo que elas não venham dando tão certo. E nesse momento meu dilema é importante pra mim. Para que esse estilo de vida tenha êxito, é preciso que eu crie uma estrutura no meu cotidiano, de forma a não deteriorar minha saúde física e mental, e consiga ter estabilidade emocional para ter sucesso ao longo do tempo como trader.

Quando trabalhava na Stone e estava inseguro em relação às minhas escolhas naquele momento, consultei um astrólogo. E ele me indicou que um possível caminho para mim seria esse mesmo, de negociar papeis em bolsa de valores, daí me permiti escolher esse caminho outra vez. Em outras palavras, me permiti ser influenciado por uma pessoa que mal me conhecia, e hoje admito que foi um caminho que eu mesmo escolhi, como cantou Raul. E agora me encontro no mesmo tipo de bifurcação. Tomar outro caminho, ou escolher permanecer esse caminho? Daí é fácil vir à tona a realidade de que sou uma pessoa descomprometida com minhas próprias escolhas.

Preciso ir além de admitir, e não cometer os mesmos erros de sempre desta vez.

megazorde

A vida é cíclica. Em algum momento atrás escrevi algo sobre isso, com certeza. Eis que vivo, sobrevivo, tropeço, caio, retorno a esse reduto de inexperiência de vida, e recomeço o ciclo. Já fazem quase seis anos do início desse lugar, e me parece que quanto mais o tempo passa, mais eu percebo o quão juvenil eu era/sou.

Tive um 2019 bastante instável. O que começou com um período de mania, terminou com o conforto espiritual que a experiência psicodélica pode proporcionar. Até o momento, 2020 me parece um ano divisor de águas, onde me sinto no limite entre o sucesso e fracasso, e por incrível que pareça, não consigo decidir qual lado escolher, isto é, sinto de forma muito mais clara na minha carne que o sucesso e o fracasso dependem intrinsecamente do meu comprometimento com o que escolher fazer. É nada mais que uma crise de 1/4 de vida.

De forma brutamente honesta comigo mesmo, sou capaz de afirmar que minha veia artística não é tão forte o quanto pensava ser. Na verdade, é realmente difícil admitir que não tive progresso nas minhas escolhas criativas ~ seja cantando ou escrevendo ~ por pura falta de comprometimento. Eis que completo 27 anos no final do ano, e preciso descrever o tamanho do adversário o qual tenho que lidar no momento. Sou meu próprio monstro, criando o cenário e o megazorde que irão levar ao chão tudo o que inicialmente concebi. Como escritor da minha trama pessoal, sou perfeitamente capaz de criar o cenário e as condições ideias para o progresso, mas acredito que me faltam bolas pra encontrar o heroi, e permaneço observando a deterioração dos meus ideais.

TL;DR: sou incrivelmente sabotador do meu próprio destino

A