quinta-feira, 26 de junho de 2014

Usain Bolt

Comecei a ler ontem uma biografia sobre o homem mais rápido da Terra, Usain Bolt. Todos tem uma história incrível para contar, imagine uma pessoa como ele! Na realidade, a história dele só começou a fazer sentido pra mim hoje à noite, quando percebi que ele não somente viveu de glórias (o cara foi um prodígio e vencia todos sem dificuldade!), e teve seus momentos difíceis, suas dúvidas sobre a carreira, suas dores, e suas alegrias. Se ele tivesse se conformado com as dores e as derrotas que nos alcançam, talvez nem fosse tão reconhecido, e talvez estivesse contando aos seus filhos – acidentais – que tivera bastante glória, embora soubesse dentro de si que havia sido derrotado por si mesmo, pelos seus medos.

Pela manhã havia prometido a mim que levaria o Ruk para passear, mas me entretive com o violão e com uma bela canção que compus, e mudei de ideia: hoje vou trabalhar no banheiro que estou reformando, amanhã o levo pra passear – eu juro. Em seguida, fiquei ouvindo os lamentos e as bebadices do meu irmão enquanto trabalhava (confesso que me deu ódio aturá-lo). O trabalho parecia mais difícil hoje, acertei três vezes a minha mão utilizando a marreta, e em certo momento decidi que era hora de parar.

O momento à tarde foi tão esplêndido que mesmo com esforço, ainda não consegui lembrar exatamente como comecei a pesquisar sobre o assunto (intercâmbio). Ah! Lembrei! Eu estava aprendendo uns solos das músicas da Banda quando recebi um e-mail do Marião da Seda College, com os orçamentos e as despesas previstas para o curso de inglês com duração de 6 meses e 6 meses de férias. Um ano na Irlanda. Um ano. Apenas um valor que eu tenho em conta. A ideia foi tomando conta de mim da mesma forma como fui mudando minha maneira de pensar em relação à vida: aos poucos. Fiz várias contas e pesquisei todo tipo de preços e orçamentos e meu Deus! Por que não havia feito isso antes?! Logo a ideia me preencheu por completo e senti em minha alma que esse é o momento. Hoje é o dia para ser feliz. Na verdade, a viagem só deve sair em outubro, mas a sensação de que esse sonho poderá se realizar já me tirou do sério. Só temos um problema, André.

Preciso de mais cinco mil reais.

Esse dinheiro completaria o que preciso para comprovar minha estadia no país (três mil euros). Tenho problemas menores -- por exemplo, contar a notícia à meus pais e organizar a logística até lá. Há dois dias entreguei uma carta à minha mãe revelando meus maiores sonhos, e ela atualmente é a única detentora dos meus maiores segredos. Ela reagiu carinhosamente nos dias seguintes -- o que pode ser um bom sinal, mas ela não está em Manaus para conversarmos pessoalmente. Penso em pedir esse dinheiro emprestado dela para comprar as passagens aéreas e quando receber meus primeiros salários europeus compensarei esse empréstimo. Ela retorna dentro de dez dias, e este é o tempo para elaborar meu projeto e apresentar à ela – e que Deus me abençoe.


Quando percebi a possibilidade de tornar este sonho real, me senti como Veronika: preciso me despedir de meus amigos e aproveitar meus últimos momentos aqui em Manaus. Passei horas pensando nos modos como farei isto, e totalmente inundado por essa ideia. Senti minhas músicas o máximo -- eu me senti o máximo. Sinto que uma aura extremamente positiva transborda do meu corpo, e o mais precioso: sinto-me vivo. E feliz. Mas lembro-me da história de Usain Bolt: não posso ser preguiçoso e subestimar meus adversários, meus obstáculos. Preciso treinar – e trabalhar o suficiente para me tornar maior do que todos eles. Hoje.

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