André,
Não há a menor dúvida de que você é esquisito viu? Você tem algum transtorno psicológico que eu só não classifiquei ainda por causa da preguiça e porque eu sei que rótulos são indiferentes para suas atitudes. Olha, sabemos muito bem o perigo disso, e tenha certeza de que perderá muitas coisas boas na vida por isso.
--
Eu não sei se é um dilema particular que crio algumas vezes ou se é algo genérico como uma esquizofrenia ou bipolaridade, mas nessa fase de conhecer melhor a mim mesmo vejo meus pensamentos se polarizarem e inverterem várias vezes; ora me sinto corajoso e confiante, ora sou preguiçoso e covarde. Penso o dia inteiro em alguma ideia e a toda a noite em outra contrária.
Naturalmente me sinto à vontade para socializar com qualquer pessoa, mas não conversaria nem mesmo com o próprio Deus caso ele não me encontre em um bom momento. Isso faz de mim uma pessoa ruim? Dou um valor enorme à privacidade, e caso esteja a requerindo direta ou indiretamente, é ótimo respeitar. :)
Em alguns momentos eu gostaria de me conformar com uma vida pacata e um amor tranquilo, uma rotina qualquer, uma cidade normal e um emprego ok, desde que não passasse por momentos assim, mas seria uma covardia tremenda com meu 'eu' pensante deixá-lo pra lá. Nossa, talvez eu esteja complicando demais, mas eu acho que ser o André é muito difícil!
Que crise existencial desgraçada. Tomara que você passe logo (ou não?)
Bem vindo ao meu blog secreto. Aqui eu falo um monte de merda que só eu sei mesmo. Textos por André Picanço.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Por que escrever?
Hoje eu li brevemente a biografia de Clarice Lispector (isso me torna gay?), e em certa entrevista ao "O Globo" em 1976 foi indagada com o questionamento:
C.L. "— Vou lhe responder com outra pergunta: — Por que você bebe água?"
J.C. "— Por que bebo água? Porque tenho sede."
C.L. "— Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva."
Disponível em: http://www.releituras.com/clispector_bio.asp
Minha realidade é que faz um bom tempo que não consigo produzir ideias sólidas e sinto minha capacidade criativa apagada. Poderia indicar inúmeros responsáveis por isso, mas seria um tanto injusto, afinal, a criatividade é uma aptidão que depende da disposição do homem para ser lapidada.
Não sou igual a ela, de forma alguma. Mas a sagacidade da resposta me fez pensar o dia inteiro.
"O mundo por si só exerce um esforço sobrenatural para reduzir nossas capacidades criativas e racionais, e assim tornam-se grandes herois aqueles que reconhecem essa realidade como trivial e não somente se defendem, mas contra-atacam e mostram personalidade ao serem vistos como estranhos e ousados."
Quando a criatividade acabar, estarei morto; é uma chama que preciso manter acesa enquanto tiver de pensar sobre minha existência. Sei que minhas ideias são traduzidas para a língua dos homens com enorme dificuldade, e, para não ser visto como louco (como posso estar sendo agora) sei que é preciso de prática. Muuuuuuuita prática. Sonho com um mundo melhor, em qualquer continente. E sonho muito mais em conseguir traduzir a língua dos anjos para a língua dos homens algum dia, em um texto ou em uma música. Talvez no milésimo texto ou na milésima canção eu consiga, desde que não pare de escrever.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
Uma Carta para Si Mesmo
"Olá, você. Talvez eu nem precise mais escrever o restante da carta porque você já sabe do que se trata, ou provavelmente tenha esquecido. Eu sou alguém que talvez você já não seja mais, pois presumo que tenha adquirido grandes experiências na sua vida e não pense mais da maneira como eu penso hoje. A vida é como um rio que nasce na mais pura fonte e segue aos poucos seu caminho, acumulando impurezas durante o seu curso e contemplando as mais diversas paisagens e suas histórias sempre únicas. Desde o início o rio sabe exatamente aonde irá terminar, e no caminho ele se torna parte da natureza -- apesar de estar apenas de passagem -- sempre sendo observado por todo tipo de árvores que já viram todos os tipos de águas correrem por ali. O fato é que cedo ou tarde o rio irá terminar, e querendo ou não ele não será mais apenas um rio, e sim um mar em sua eternidade.
Desde pequeno, você tinha desejos diferentes e agia com bastante singularidade. Lembra que quando criança você criou vários jogos de videogame com histórias originais, que só você sabia jogar e só você entendia as histórias? Os seus brinquedos atuavam tão bem que não pareciam ser compreendidos quando outras crianças brincavam com eles. Você aos doze anos havia criado um planeta para eles, e cada boneco tinha a sua história e personalidade, como se realmente existissem. Lembro que você havia criado até uma liga de futebol neste planeta, com centenas de jogadores diferentes, e torneios que eram disputados quase sempre. E como sempre acontece, você começou a achar estranho continuar agindo dessa forma, e as histórias que eram sempre tão divertidas foram simplesmente perdendo a graça. Foi quando você começou a escutar hip-hop e decidiu se tornar um rapper, isso aos treze anos. Você cantava seus raps na frente do espelho, como se estivesse fazendo um show para uma multidão, e tentava se vestir exatamente como os seus ídolos da época. Chegou inclusive a cantar na sala de aula para seus amigos, e até formou um grupo, com suas músicas próprias que falavam de coisas que ninguém entendia, e algumas eram até em inglês! Um único detalhe: você não sabia inglês. Foram tempos tão divertidos que parecem ter passado depressa demais. Mas, como sempre acontece, você se deu conta de que não se pode falar uma língua que ninguém conhece, e isso também foi perdendo a graça.
Na escola, você era sempre divertido e falava com todos, mas as notas não eram as melhores. Na verdade, você não ligava muito pra escola e a única coisa que sabia era que se tirasse notas vermelhas iria ter que se entender com a sua mãe. Brincar era mais divertido. Lembra daquela surra que você levou no dia em que cabulou a aula para jogar videogame justamente no dia que sua mãe foi te procurar na escola? Você sempre se apaixonava pelas garotas mais velhas com quem não havia a menor chance, e morria de timidez quando alguém dizia que estava gostando de você? Queria sempre parecer um cara legal e durão, mas levou uma surra histórica de um garoto na frente de todo mundo, e foi hilário. Na verdade, brigar e namorar nunca foi o seu forte, pode ter certeza. Você se tremia todo na primeira iminência de uma briga ou de um namoro, seja lá com quem tenha sido. Afinal, brincar era mais divertido.
Você cresceu um pouco e aprendeu algumas lições importantes, como a de que não se pode ser legal para todo mundo. Não dá pra ser o orgulho da família e a decepção dela no mesmo dia. Não dá pra fingir que não está bêbado quando seu corpo transpira álcool. Você foi músico na igreja, e até tocava lá. Mas durante a semana você achava mais legal ser a pessoa que a igreja não queria que fosse. Era engraçado, mas mesmo assim você tinha quase tudo para ser um bom líder, ou pastor, sei lá. As músicas que escrevia eram legais, mas era chato suportar as orações e os cultos que nunca terminavam. Brincar sempre era mais divertido. Ainda bem que a vida te deu um empurrãozinho pra escapar dessa dualidade, e começar essa busca pela sua personalidade e pelo seu lugar nesse mundo. (Quer dizer, o que realmente estamos buscando?)
Depois disso, você começou sua viagem em meio as bebedeiras e os perigos de uma vida descontrolada. Aos dezesseis anos você bebia destilados, fumava cigarros e já tinha experimentado maconha. Já havia se acostumado com as retalhações dos familiares distantes e dos antigos amigos da igreja. Decidiu ser assim e pronto. O problema é que ainda faltava concluir o ensino médio, e pra isso era necessário tirar notas boas, e pra tirar notas boas era necessário ir às aulas. A vida era uma constante bagunça, era uma brincadeira que se repetia todos os dias. Foi quando Deus viu que você precisava de mais um empurrãozinho e te deu uma namorada e um emprego. Agora sim tomaria jeito. Mas você preferia tomar cerveja.
Você conheceu o seu sonho e a sua namorada no mesmo dia. Disse a ela que queria conhecer o mundo, com um leve propósito de impressionar a garota. Assim, você conseguiu a garota e conheceu o Maior Desafio de Todos: tornar esse sonho real. Nos seus momentos mais covardes você se arrependeu de ter descoberto o que você realmente queria fazer da sua vida, pois é um desafio e tanto.
Não me lembro de ter visto alguém tão sortudo como você foi. Conseguiu uma namorada fiel e simpática, um bom emprego, uma bolsa para um bom curso de engenharia. Mas não era tão legal assim sair de casa no amanhecer e voltar no começo da madrugada, porque não se via ninguém na rua! Foi o ápice da autodestruição. Tentava compensar a falta de diversão do cotidiano nos finais de semana regados a bebedeiras sem fim, e atitudes desordenadas. Você traía sua namorada e passou a beber mais, fumar mais, e conheceu a cocaína. Foram longos meses. Você só decidiu parar porque percebeu que estava se tornando um zumbi e seu nariz sangrava quase sempre que tocava nele. Foi uma ótima decisão.
O rio da sua vida continuou correndo e você agarrou a oportunidade de um emprego melhor, em uma compania maior. O problema é que as grandes companias não deveriam ter funcionários humanos. Talvez até os robôs se rebelariam contra elas. Na verdade, as grandes companias não deveriam ter funcionários. Você viu pessoas novas, conheceu mais oportunidades para trair sua namorada, e viu cada vez menos tempo para ela. Então longos anos se passaram até você perceber o sentimento de amor novamente correndo em suas veias. Em troca da sua namorada, você descobriu o verdadeiro significado da amizade em quatro pessoas totalmente diferentes que se conectavam entre si sem a menor dificuldade. Só que você tinha um grande sonho pra realizar, Sr. André.
Hoje é o melhor dia de todos para ter dedicado estas palavras a você, companheiro. São meia noite e amanhã você tem contas a pagar e um dia de trabalho para cumprir. Não faço ideia do que poderá ocorrer nas próximas 24 horas. Você pode encontrar o amor da sua vida, ou um final para sua história. Você pode mudar de opinião, como nunca quis admitir, e deixar de ser a pessoa que você é hoje, afinal, este é um risco que todos nós corremos diariamente pelo simples fato de existir. Hoje eu não faço ideia de como você foi daqui alguns anos, ou como você será daqui a alguns anos. Nâo tenho tanta certeza se algum dia você chegará a ler isto, mas espero que continue sabendo que tudo passou, e você continua. Passaram-se os anos, os carros, as casas próprias, os celulares da moda, as redes sociais, as músicas, as mulheres bonitas, a virilidade, as desilusões, as alegrias, as histórias, o passado. Tudo isso se passou, e você sobreviveu. Espero do fundo do coração que você não tenha desistido da sua vida, e lembre de como você sempre foi louco. Agora por favor, o que você me contaria de bom? Aguardo ansiosamente por uma resposta!"
(Por gentileza entregar isto ao Sr. André Picanço no dia 01 de Junho de 2054)
sábado, 28 de junho de 2014
Fugindo e fugindo...
Reinaldo era um jovem bastante agradável. Era capaz de conquistar qualquer garota que desejasse, não somente por sua beleza, mas principalmente devido o carisma e a aura que carregava sobre si -- era invejável. Sua noiva, porém, parecia estar em uma frequência totalmente diferente. Sempre parecia entediada na companhia do noivo, e algumas vezes até deixava escapar um bocejo, como naquela noite do jantar. O jovem era um bom observador, e isso de certa forma o entristecia.
-- Ah! Nem contei pra você amor... A empresa antecipou minhas férias para Abril, e finalmente vamos poder conhecer Buenos Aires! -- era uma tentativa de arrancar aquele sorriso que Reinaldo não vira há anos.
-- Que bom amor. Você já percebeu que aqueles dois estão brigando feio? -- disse Suelen ingenuamente, referindo-se ao casal da mesa dezenove -- a mais escondida do restaurante.
"Não faço ideia do que posso ter feito, mas simplesmente ela perdeu o interesse por mim! Como pode ser? Ela sequer faz questão de disfarçar o tédio, parando de apoiar o rosto que encara a mesa dos casais que não querem ser percebidos. Mas hoje não! Hoje será um dia diferente para nós dois, definitivamente."
Na realidade, Reinaldo assentiu, com uma tristeza com a qual já havia se acostumado, mas desta vez seria diferente mesmo. Era um jantar romântico que fora reservado há semanas, planejado para pedir a sua amada noiva em casamento. Imaginava que as coisas voltariam ao normal no futuro, e só precisava tomar uma atitude, afinal o relacionamento de nove anos já estava bastante desgastado e implorava por um novo capítulo. O plano inicial era esse, mas subitamente o jovem resolveu mudar de ideia. Pegou uma das garrafas de vinho tinto suave encomendadas com antecedência e levantou-se da mesa, com certa impulsividade. Todo o restaurante notou a alteração na feição de Suelen.
-- Cansei. Não quero mais você. -- disse. Era um jovem de poucas palavras, mas sempre firme em suas decisões -- talvez até demais. -- Tentei fazer de você minha mulher, mas cansei de procurar maneiras de te fazer bem. Seu amor está em um labirinto, e eu me perdi nele. Adeus.
E antes que Suellen pudesse reagir, Reinaldo deixou o restaurante rapidamente, assim como o amor da sua vida, as chaves do carro quase quitado e a sua carteira. Aonde ele foi?
O corpo do jovem foi encontrado no quilômetro 319 da rodovia BR-174, algumas semanas depois. A causa da morte? Inanição. Reinaldo caminhou durante vários dias na estrada, onde sobreviveu aos perigos da vida selvagem milagrosamente. O corpo estava extremamente desnutrido, mas na verdade já vinha abandonando a vida, sempre que temia perder a única garota que o interessava e faltava coragem para encarar a realidade de que o relacionamento precisava de um fim. O jovem desistiu de fugir dos seus piores medos, que eram cada vez mais reais, e decidiu tomar a atitude de fugir de verdade, mas, como sempre... Não sabia para onde fugir.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Pensamentos Pré-Dublin #1
Então, eu passei um tempinho sem escrever, pois foram dias bastante corridos e a preguiça também não me largou. Ah, foda-se!
Aconteceram algumas coisas importantes nestes dias. Contei a minha mãe sobre minha ideia de fazer o intercâmbio na Irlanda, e depois de muita conversa ela concordou! Tenho um bom planejamento e os recursos para tornar esse sonho real. A passagem já foi comprada, e no dia 25 de Novembro já estarei em Dublin, graças à Deus. E conforme o tempo vai passando, vou me aproximando ainda mais dessa realidade. Oh Dublin, espero que seja uma mãe para mim, pois vou sentir muita saudade da minha mãe aqui no Brasil. Mas os torturantes dias de ansiedade até lá serão um pouco difíceis, já que não é tão fácil se despedir de pessoas importantes e desatar todos os nós problemáticos da vida aqui.
Infelizmente eu tive que me despedir de uma pessoa que eu gostava de verdade. Essa garota nem imagina que escrevo sobre ela, mas na realidade foi a pessoa que me deu o empurrão e a coragem que precisava para buscar os meus sonhos. É bastante estranho, pois ficamos juntos em Fevereiro por apenas duas semanas e meia! Queria muito que fosse minha próxima namorada, mas ela tinha alguns problemas em relação à insegurança que eram perigosos, e hoje eu percebo que não poderei ajudá-la. Contei que estava saindo do país em breve, e pensei em me despedir, ou tentar fazer dela minha namorada, mas trata-se de uma atitude super egoísta, principalmente pelo fato de sumir depois. No final, acabei sendo um idiota e disse o que não deveria, me colocando em situação de vantagem, como se só quisesse usá-la durante o tempo que me resta no Brasil. Foi um erro que talvez não possa me arrepender depois, talvez não seja o momento certo para nós dois. Mas sem dúvida, a Andrezza foi uma pessoa muito importante na minha vida. Desejo a ela toda a felicidade do mundo, não que ela possa merecer ou não, mas simplesmente porque gosto muito dela.
Hoje choveu bastante em Manaus, e enquanto tentava estudar -- isso sempre acontece -- eu mergulhei em alguns vídeos do Youtube (Marião na Europa, Vlog do Magrelo, etc.) e curiosamente pude ver uma dificuldade que todos teremos se quisermos lutar pelo nossos sonhos. Saudade. Uma hora ela chega, e vem como um sentimento devastador. Eu ainda não sei muito bem o que quero para mim, mas quero viajar o mundo, tocar minhas músicas para o mundo, escrever livros, atuar em algum filme underground, aparecer na televisão, sei lá... Mas em qualquer um desses caminhos terei que deixar pessoas importantes por um tempo. Até então, já larguei um bom emprego, uma boa namorada, um time de futebol americano campeão, uma possível banda de sucesso, uma boa bolsa na faculdade para um bom curso, e amanhã terei que largar grandes amigos, meu cachorro que amo tanto, meu pai e minha mãe. E estarei sozinho na Europa, com a companhia de pessoas desconhecidas que sequer falam português. Mas é o preço a ser pago no caminho aos meus sonhos.
Qual é o preço do seu sonho, afinal?
Usain Bolt
Comecei a ler ontem uma biografia
sobre o homem mais rápido da Terra, Usain Bolt. Todos tem uma história incrível
para contar, imagine uma pessoa como ele! Na realidade, a história dele só
começou a fazer sentido pra mim hoje à noite, quando percebi que ele não
somente viveu de glórias (o cara foi um prodígio e vencia todos sem
dificuldade!), e teve seus momentos difíceis, suas dúvidas sobre a carreira,
suas dores, e suas alegrias. Se ele tivesse se conformado com as dores e as
derrotas que nos alcançam, talvez nem fosse tão reconhecido, e talvez estivesse
contando aos seus filhos – acidentais – que tivera bastante glória, embora
soubesse dentro de si que havia sido derrotado por si mesmo, pelos seus medos.
Pela
manhã havia prometido a mim que levaria o Ruk para passear, mas me entretive
com o violão e com uma bela canção que compus, e mudei de ideia: hoje vou
trabalhar no banheiro que estou reformando, amanhã o levo pra passear – eu
juro. Em seguida, fiquei ouvindo os lamentos e as bebadices do meu irmão
enquanto trabalhava (confesso que me deu ódio aturá-lo). O trabalho parecia
mais difícil hoje, acertei três vezes a minha mão utilizando a marreta, e em
certo momento decidi que era hora de parar.
O momento à tarde foi tão esplêndido que mesmo com esforço, ainda não consegui
lembrar exatamente como comecei a pesquisar sobre o assunto (intercâmbio). Ah!
Lembrei! Eu estava aprendendo uns solos das músicas da Banda quando recebi um
e-mail do Marião da Seda College, com os orçamentos e as despesas previstas
para o curso de inglês com duração de 6 meses e 6 meses de férias. Um ano na
Irlanda. Um ano. Apenas um valor que eu tenho em conta. A ideia foi tomando
conta de mim da mesma forma como fui mudando minha maneira de pensar em relação
à vida: aos poucos. Fiz várias contas e pesquisei todo tipo de preços e
orçamentos e meu Deus! Por que não havia feito isso antes?! Logo a ideia me
preencheu por completo e senti em minha alma que esse é o momento. Hoje é o dia
para ser feliz. Na verdade, a viagem só deve sair em outubro, mas a sensação de
que esse sonho poderá se realizar já me tirou do sério. Só temos um problema,
André.
Preciso
de mais cinco mil reais.
Esse
dinheiro completaria o que preciso para comprovar minha estadia no país (três
mil euros). Tenho problemas menores -- por exemplo, contar a notícia à meus
pais e organizar a logística até lá. Há dois dias entreguei uma carta à minha
mãe revelando meus maiores sonhos, e ela atualmente é a única detentora dos
meus maiores segredos. Ela reagiu carinhosamente nos dias seguintes -- o que
pode ser um bom sinal, mas ela não está em Manaus para conversarmos
pessoalmente. Penso em pedir esse dinheiro emprestado dela para comprar as
passagens aéreas e quando receber meus primeiros salários europeus compensarei
esse empréstimo. Ela retorna dentro de dez dias, e este é o tempo para elaborar
meu projeto e apresentar à ela – e que Deus me abençoe.
Quando
percebi a possibilidade de tornar este sonho real, me senti como Veronika:
preciso me despedir de meus amigos e aproveitar meus últimos momentos aqui em
Manaus. Passei horas pensando nos modos como farei isto, e totalmente inundado
por essa ideia. Senti minhas músicas o máximo -- eu me senti o máximo. Sinto
que uma aura extremamente positiva transborda do meu corpo, e o mais precioso:
sinto-me vivo. E feliz. Mas lembro-me da história de Usain Bolt: não posso ser
preguiçoso e subestimar meus adversários, meus obstáculos. Preciso treinar – e
trabalhar o suficiente para me tornar maior do que todos eles. Hoje.
segunda-feira, 28 de abril de 2014
O Brasileiro
Fico me perguntando indignado como podemos conhecer exatamente o problema do nosso país e mesmo assim ficarmos estáticos e ofuscados por uma nuvem de burocracias e informações que ocultam e tiram o foco desse problema. Confesso que estou bastante triste, pois existem alguns problemas que merecem ser resolvidos e há pessoas que merecem uma satisfação maior (como por exemplo minha mãe), e sozinho não posso resolvê-lo.
Nem quero nem pesquisar sobre a montanha de dinheiro que pagamos em juros e impostos para não ficar mais nervoso, só preciso mencionar a horrenda cultura que temos em querer ter vantagens... Sempre queremos mais um pouco, a qualquer custo, e ao mesmo tempo em que somos corruptos em nossas oportunidades -- aceitamos um troco errado, cobramos propinas em nossos trabalhos, colamos em nossas provas, furtamos peças ou materiais do estoque --, repudiamos o policial corrupto, o político, o banqueiro, o mercenário. Se tivéssemos as mesmas oportunidades que eles, sem dúvida, a maioria aceitaria. A grande maioria! Uma minoria aqui se contentaria com o pouco que tem e outra parte menor ainda resolveria lutar pelo que é correto.
O brasileiro é único. Estamos interessados em montanhas gigantescas de Bundas (com B maiúsculo mesmo), futebol e festas como num carnaval que nunca acaba. A mídia enfatiza a Bunda de uma maneira que esquecemos que há uma mulher a carregando. As garotas fazem grandes esforços para que suas Bundas fiquem enormes e evidentes, como o bíceps para um bom maromba.Os garotos sonham com Bundas que talvez nunca conseguirão ter, e os que as tiverem farão toda a questão de mostrar à maior quantidade de garotos possível, pois ter uma para si é status. Não há muito o que fazer senão admirá-las. E assim, vivemos nossas vidas e deixamos os assuntos importunos para depois, as faturas para o próximo mês, e fazemos do nosso país um eterno promissor. Não aguento mais ouvir que 'é por isso que o Brasil não vai pra frente', e que 'um dia sairemos desta merda'... Deus!!
Minha tristeza maior foi por estar em uma conversa onde num momento citamos a cultura do 'jeitinho brasileiro' que damos para tudo, falamos sobre corrupção e os problemas que todo mundo conhece, e em momentos depois estava ouvindo um papo entediante sobre Bundas, 'gatos' de TV a cabo e interesses mercenários na política. Imediatamente tive vontade de sair do país e ficar sozinho. Meus sonhos não passam por esse caminho, mas tenho um grande desejo de que possamos ser justos entre nós. Que Deus nos abençoe, Brasil.
Grande Abraço.
Nem quero nem pesquisar sobre a montanha de dinheiro que pagamos em juros e impostos para não ficar mais nervoso, só preciso mencionar a horrenda cultura que temos em querer ter vantagens... Sempre queremos mais um pouco, a qualquer custo, e ao mesmo tempo em que somos corruptos em nossas oportunidades -- aceitamos um troco errado, cobramos propinas em nossos trabalhos, colamos em nossas provas, furtamos peças ou materiais do estoque --, repudiamos o policial corrupto, o político, o banqueiro, o mercenário. Se tivéssemos as mesmas oportunidades que eles, sem dúvida, a maioria aceitaria. A grande maioria! Uma minoria aqui se contentaria com o pouco que tem e outra parte menor ainda resolveria lutar pelo que é correto.
O brasileiro é único. Estamos interessados em montanhas gigantescas de Bundas (com B maiúsculo mesmo), futebol e festas como num carnaval que nunca acaba. A mídia enfatiza a Bunda de uma maneira que esquecemos que há uma mulher a carregando. As garotas fazem grandes esforços para que suas Bundas fiquem enormes e evidentes, como o bíceps para um bom maromba.Os garotos sonham com Bundas que talvez nunca conseguirão ter, e os que as tiverem farão toda a questão de mostrar à maior quantidade de garotos possível, pois ter uma para si é status. Não há muito o que fazer senão admirá-las. E assim, vivemos nossas vidas e deixamos os assuntos importunos para depois, as faturas para o próximo mês, e fazemos do nosso país um eterno promissor. Não aguento mais ouvir que 'é por isso que o Brasil não vai pra frente', e que 'um dia sairemos desta merda'... Deus!!
Minha tristeza maior foi por estar em uma conversa onde num momento citamos a cultura do 'jeitinho brasileiro' que damos para tudo, falamos sobre corrupção e os problemas que todo mundo conhece, e em momentos depois estava ouvindo um papo entediante sobre Bundas, 'gatos' de TV a cabo e interesses mercenários na política. Imediatamente tive vontade de sair do país e ficar sozinho. Meus sonhos não passam por esse caminho, mas tenho um grande desejo de que possamos ser justos entre nós. Que Deus nos abençoe, Brasil.
Grande Abraço.
domingo, 27 de abril de 2014
Me apresentando!
Somente agora que percebi que havia criado um blog e não me apresentado... Mil desculpas por isso!
Achei muito interessante um texto que li num livreto do Sr. Rodrigo Porto (http://portosintetico.blogspot.com.br/) e confesso que uma simples frase escrita por ele ainda me deixa bastante atônito. Ah, se ele soubesse disso! Haha
Eu ainda não tenho muito a falar de mim, afinal eu não me
conheço muito bem. Na verdade, o André ainda não me conhece, mas eu o conheço,
e ele é uma ótima pessoa. Eu conheço meus desafios maiores, meus desejos e
minhas realidades. Na verdade eu conheço muitas coisas, mas ainda não consegui
realizar meu sonho maior. O André tem sido um ótimo companheiro e com ele tenho
um ótimo pressentimento de que poderemos conseguir realizar nossos sonhos
juntos, pois temos várias semelhanças.
Falando do André agora, esse cara é um maluco. Ele consegue despertar sentimentos opostos em pessoas distintas: quem não o conhece o acha totalmente sem sal, e quem o vai conhecendo vai percebendo que realmente ele é maluco. Ele gosta de muitas coisas fora do padrão, escuta bandas que ninguém perto dele conhece, quer fazer coisas que poucos querem fazer e não parece dar importância para muitas coisas. Sei que ele é muito tímido, é um tanto inteligente e gosta de viajar, aonde quer que esteja. Nós dois sabemos muito bem que ele vai longe, e é muito feliz por saber disso. Ele tem o mesmo sonho que eu, e tem coragem suficiente para buscar realiza-los. E tenho certeza de que juntos iremos conseguir.
Obrigado por ler, um Grande Abraço.
Projeção Astral - A Primeira Tentativa
Hoje subitamente me veio à mente uma vontade de meditar. É
um domingo à noite, e meus vizinhos fazem muito barulho em domingos. Na
realidade, só queria me isolar para fumar uns cigarros e depois tomar banho,
então aproveitei o SoundCloud para ouvir umas músicas para meditação e
relaxamento. Enfim, foi minha primeira experiência. A primeira música era bastante
calma, não havia percussão, então me relaxou bastante. Consegui aos poucos me
desligar do mundo barulhento ao meu redor, e logo perdi a vontade de fumar.
Pausei a música e terminei meu cigarro rapidamente, e logo voltei ao exercício.
Primeiramente, procurei eliminar quaisquer reações do corpo (como espasmos,
coceiras, desconfortos, etc.), e tentei primeiramente sair de meu corpo à
força, que obviamente não foi possível. Em seguida observei os movimentos
involuntários que fazia, e procurei me concentrar na minha respiração, na minha
vascularização e nos batimentos cardíacos. Fui interrompido por uma mensagem no
celular, mas rapidamente coloquei no silencioso e retornei à atividade.
Em seguida tentei sair de meu corpo através da expiração através da boca, e confesso que o relaxamento foi maior, me senti mais concentrado em meu objetivo. Percebi um fluido azulado correndo em minhas veias, e notei que representavam minha essência. Comecei a sentir certo desconforto em minhas pernas, pois a posição de ioga é um tanto desconfortável para iniciantes como eu. Procurei reunir o fluido azulado em meu coração lentamente, e tive sucesso aos poucos. Houve um pouco de dificuldade para retirar o fluido dos meus braços, mas com alguns minutos também consegui, no entanto, ainda restava um pouco do fluido nos braços e nas pernas, mas que já foi suficiente para aliviar o desconforto que havia nestas partes. Assim, eu reuni o fluido e tentei expeli-lo pela boca, mas consegui uma quantidade insignificante e com muita dificuldade. Mas o fluido continuava concentrado no meu peito.
Como notei que meus braços estavam bastante relaxados, tentei outra técnica, que consistia em simplesmente levantá-los do lugar onde estavam para dar impulso ao resto do corpo. Com algum tempo consegui levantar apenas o braço direito, e foi só. Tentei puxar o braço esquerdo, minha cabeça, mas não consegui. A música acabou e tive que interromper o exercício para colocar uma nova. Tentei usar o braço que havia escapado para isso, mas não tive sucesso, e depois tentei fazer isso utilizando minha intuição, através dos olhos fechados. Consegui desbloquear o celular (talvez pelo costume), mas não consegui mudar a música. Tive que abrir os olhos, mas a concentração no exercício era tão grande que isso durou poucos segundos e logo retornei ao meu estado anterior.
A nova música era mais agitada, tinha instrumentos de cordas e percussões, e levei algum tempo para me adaptar. Tentei a projeção astral do meu corpo à minha frente, mas ainda não consegui, no entanto, consegui a percepção de que havia alguém em pé na minha frente, com as minhas características. Era um certo ‘eu’ que estava aguardando ser preenchido por mim para conseguir alcançar o objetivo. Imediatamente estendi minha mão direita (a que havia saído do corpo) para que me puxasse para fora, e consegui segurar na mão dele, mas não foi suficiente. Ele não tentou me puxar, e percebi que o esforço para conseguir isso cabia a mim. Então, a música mudou novamente.
Estava ouvindo uma música mais agitada ainda, não me lembro exatamente, mas parecia um tipo de Metal Relaxante, que embaraçou as coisas na minha mente. Havia pedido a permissão de Deus para retirar-me do meu corpo por uns instantes, e agora a pessoa diante de mim estava de quatro, me encarando. Lembrei-me de uma leitura que propunha que isso poderia acontecer, e logo encarei esta pessoa e perguntei-lhe quem era e o que queria, mas ela não respondeu. Apenas foi se aproximando de mim, e isso me causou certo medo. Tive que ser corajoso o suficiente para empurrá-lo para o lado com minha mão ‘astral’. Com isso, ele se dissipou como uma nuvem, e fiquei mais tranquilo. Acho que por um ou dois segundos consegui abandonar meu corpo, mas não tenho certeza. O medo que havia sentido me fez recuar um pouco e retornei ao estado inicial, de meditação. Logo, voltei a sentir desconforto nas pernas.
Relaxei mais um pouco e tentei desta vez movimentar as pernas, mas não consegui. Reuni novamente o fluido no meu peito, mas não quis tentar a experiência novamente. Fiquei com um pouco de medo, e precisava conhecer mais sobre essa técnica antes de sair tentando por aí. Voltei ao estado inicial e assim que a música acabou, abri os olhos e desliguei o som. Levantei-me um tanto absorto, como se estivesse em uma espécie de transe e retornando ao meu corpo físico lentamente. Desci as escadas com um olhar fixo, relaxado e com a mente ainda silenciada. Retornando a casa, tomei banho e aos poucos fui tomando consciência de quem eu era e de que tive uma experiência interessante. Agora, eu escrevi este texto e vou retornar às minhas atividades do resto do dia.
Decidi registrar essa experiência e as próximas através deste blog, não para que seja visto por massas de pessoas, mas somente para registrar um momento da minha vida que me faz necessário descobrir realmente quem sou e qual o meu papel neste Universo. Se você leu até o fim, obrigado! E espero que você também consiga o encontrar e tenha coragem suficiente para buscar realizar seus sonhos, independentemente de qual seja e a maneira como busque.
Grande Abraço.
Em seguida tentei sair de meu corpo através da expiração através da boca, e confesso que o relaxamento foi maior, me senti mais concentrado em meu objetivo. Percebi um fluido azulado correndo em minhas veias, e notei que representavam minha essência. Comecei a sentir certo desconforto em minhas pernas, pois a posição de ioga é um tanto desconfortável para iniciantes como eu. Procurei reunir o fluido azulado em meu coração lentamente, e tive sucesso aos poucos. Houve um pouco de dificuldade para retirar o fluido dos meus braços, mas com alguns minutos também consegui, no entanto, ainda restava um pouco do fluido nos braços e nas pernas, mas que já foi suficiente para aliviar o desconforto que havia nestas partes. Assim, eu reuni o fluido e tentei expeli-lo pela boca, mas consegui uma quantidade insignificante e com muita dificuldade. Mas o fluido continuava concentrado no meu peito.
Como notei que meus braços estavam bastante relaxados, tentei outra técnica, que consistia em simplesmente levantá-los do lugar onde estavam para dar impulso ao resto do corpo. Com algum tempo consegui levantar apenas o braço direito, e foi só. Tentei puxar o braço esquerdo, minha cabeça, mas não consegui. A música acabou e tive que interromper o exercício para colocar uma nova. Tentei usar o braço que havia escapado para isso, mas não tive sucesso, e depois tentei fazer isso utilizando minha intuição, através dos olhos fechados. Consegui desbloquear o celular (talvez pelo costume), mas não consegui mudar a música. Tive que abrir os olhos, mas a concentração no exercício era tão grande que isso durou poucos segundos e logo retornei ao meu estado anterior.
A nova música era mais agitada, tinha instrumentos de cordas e percussões, e levei algum tempo para me adaptar. Tentei a projeção astral do meu corpo à minha frente, mas ainda não consegui, no entanto, consegui a percepção de que havia alguém em pé na minha frente, com as minhas características. Era um certo ‘eu’ que estava aguardando ser preenchido por mim para conseguir alcançar o objetivo. Imediatamente estendi minha mão direita (a que havia saído do corpo) para que me puxasse para fora, e consegui segurar na mão dele, mas não foi suficiente. Ele não tentou me puxar, e percebi que o esforço para conseguir isso cabia a mim. Então, a música mudou novamente.
Estava ouvindo uma música mais agitada ainda, não me lembro exatamente, mas parecia um tipo de Metal Relaxante, que embaraçou as coisas na minha mente. Havia pedido a permissão de Deus para retirar-me do meu corpo por uns instantes, e agora a pessoa diante de mim estava de quatro, me encarando. Lembrei-me de uma leitura que propunha que isso poderia acontecer, e logo encarei esta pessoa e perguntei-lhe quem era e o que queria, mas ela não respondeu. Apenas foi se aproximando de mim, e isso me causou certo medo. Tive que ser corajoso o suficiente para empurrá-lo para o lado com minha mão ‘astral’. Com isso, ele se dissipou como uma nuvem, e fiquei mais tranquilo. Acho que por um ou dois segundos consegui abandonar meu corpo, mas não tenho certeza. O medo que havia sentido me fez recuar um pouco e retornei ao estado inicial, de meditação. Logo, voltei a sentir desconforto nas pernas.
Relaxei mais um pouco e tentei desta vez movimentar as pernas, mas não consegui. Reuni novamente o fluido no meu peito, mas não quis tentar a experiência novamente. Fiquei com um pouco de medo, e precisava conhecer mais sobre essa técnica antes de sair tentando por aí. Voltei ao estado inicial e assim que a música acabou, abri os olhos e desliguei o som. Levantei-me um tanto absorto, como se estivesse em uma espécie de transe e retornando ao meu corpo físico lentamente. Desci as escadas com um olhar fixo, relaxado e com a mente ainda silenciada. Retornando a casa, tomei banho e aos poucos fui tomando consciência de quem eu era e de que tive uma experiência interessante. Agora, eu escrevi este texto e vou retornar às minhas atividades do resto do dia.
Decidi registrar essa experiência e as próximas através deste blog, não para que seja visto por massas de pessoas, mas somente para registrar um momento da minha vida que me faz necessário descobrir realmente quem sou e qual o meu papel neste Universo. Se você leu até o fim, obrigado! E espero que você também consiga o encontrar e tenha coragem suficiente para buscar realizar seus sonhos, independentemente de qual seja e a maneira como busque.
Grande Abraço.
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