Pode ser que eu esteja reclamando de barriga cheia, ou que eu tenha ficado mimado pela mamãe Dublin, mas a verdade é que fora o frio do caralho eu quase não senti a diferença da vida antiga em Manaus. Tô escrevendo aqui do trabalho, acabei de terminar e tô precisando esperar o busão porque o Luas tá em greve esses dias. Amanhã é o meu primeiro dia de férias em sete meses, mas aqui o trabalho pareceu uma eternidade.
Vou mudar de assunto. Tô até sem saco pra falar de trabalho saporra.
Quarta que vem eu vou pra Espanha... Vou fazer o Camino de Santiago, o Inglês. O lance dessa trip é que vou deixar tudo acontecer por si só. Simplesmente comprei as passagens e vamo lá. Serão dias pra esquecer de mim completamente, na verdade nesses últimos dias eu tava numa minideprê, e isso abriu uma puta de uma crise existencial. Cara, eu vivo tendo essas crises, mas parece que dessa vez o bagulho é sérião mesmo. Vamo lá falar dessa merda.
2009. Eu tinha lá uns quinze anos e tal, era da igreja, escrevi umas poucas músicas e toquei elas com uma banda. Me senti a pessoa mais feliz do mundo, só ensaiando com eles um som quebrado e tosco. Tive vontade de me CHAMAR DE CANTOR. Daí aconteceu uns paranauês aí e a banda acabou. Saí da igreja, briguei com o pastor e ameacei ele de morte. Fora da igreja, um monte de coisa aconteceu, comecei a namorar, fiquei apaixonado e tal, daí já sabe né... Escrevia músicas pra provar pra mina que eu era um cara foda (se ela ler isso eu tô muito lascado hahaha), e comecei a escrever músicas "mundanas". Mano, eu toquei algumas dessas músicas com uma rapaziada ae também, foi muito foda.
O lance de escrever é o seguinte. Você escreve qualquer porra aí. Daí você se acha o super-foda pica das galáxias rei do universo que vai fazer o caralho na porra toda. Por um tempo. Geralmente é mais ou menos uma semana, mas às vezes demora mais tempo pra você se tocar que não era essa coca toda. Nesse blog mesmo eu leio as coisas que escrevi no início e fico PUTA MANO QUE IDIOTA ESSE CARA. Possívelmente eu vou ler isso aqui e pensar exatamente a mesma coisa daqui a uns anos. É a vida, cara. Mas hoje eu tô até evitando escrever qualquer coisa, música, poesia, qualquer coisa. Quero sair de mim um pouco.
O foda de admitir é que sim, eu já escrevo minhas merdas há alguns anos. Digo que já mostrei pelo menos 10% delas pra alguém. Amigos próximos, meninas que eu queria comer, gente que elogiava o que eu escrevia. Mas é aí que mora o perigo -- a galera elogia e você não tem certeza se foi sincero. É OK encorajar algum amigo que não é tão bom nisso e tal, mas como saber se o que você faz é bom de verdade? E se for bom, será que é bom o bastante em relação aos seus planos? Será um bagulho bom e profissional, ou só um hobby de um tiozão barrigudo de cerveja?
Preciso na verdade encontrar uma maneira de me separar dessa pessoa que recebe os elogios, esse ego fdp. Ele na verdade é o maior inimigo do artista, da criatividade. Enfim, minha viagem pra Espanha será a última vez que vou me fazer a tal pergunta -- é isso mesmo que você quer pra sua vida?
(continuar a escrever sobre escrever)
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