sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Pai

A história com meu pai é muito a minha cara. O lance é que eu só vim me dar conta que ELE é muito a minha cara um dia desses. Nunca fui maltratado por ele, na verdade o contrário -- meu pai é um heroi. Mas ele é muito a minha cara. Sorria pra mim e socava minha mãe, depois sorria pra mim de novo (não que eu soque mulheres). Não tratamos ninguém da mesma forma. Seja um cara legal que seremos mais ainda. Seja um mané que comeremos seu rabo.

Demoramos dizer 'eu te amo'. Pensamos muito e falamos pouco. Acreditamos que o sorriso certo e o olhar verdadeiro vale mais que qualquer palavra. Sentimos um pouco mais essas coisas. Conseguimos dar o melhor abraço do mundo se quisermos. Escrevemos de vez em quando. Somos curiosos. Nos divertimos bastante sozinhos. Somos dois lobos solitários. Idênticos. Felizes e tristes. Viventes. Mas demoramos demais pra dizer 'eu te amo'.

Certas coisas nem precisam ser ditas, disse ele.

O que não é dito não será lembrado. O que é dito um dia será esquecido. Mas o que é escrito, fica.

Em frente a ele, trocando olhares sinceros, estamos falando mil palavras com os olhos. Daí eu abro a boca.

Eu te amo seu velho safado. Ele me abraçou. Esse mesmo.

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