quinta-feira, 13 de maio de 2021

A utilidade das moscas

 

A inspiração me acordou às 4h37. Acontece.

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Enquanto escrevo aqui na cozinha nesse momento tem um cara assobiando na rua tentando chamar alguém que obviamente não quer ser chamado por ele, principalmente a esse horário. Se ele pudesse ler esse texto, aprenderia algo novo. Mas eu que não vou lá com ele mostrar isso.

Eu adoro observar a natureza. Acho fascinante olhar para algo tão grandioso que te cala a boca, e qualquer tipo de pensamento diante dela ela seria algo como “eu sou um bosta mesmo”. Ao olhar uma grande porção de mata é impossível ao raciocínio separar aonde termina um mato e começa outro, ou contar a quantidade de árvores que existe num bosque, ou talvez contar o volume de água existente numa bacia hidrográfica como é a Amazônica. Tudo o que podemos fazer como meros mortais é olhar e estimar. Nada mais.

O que me levou a escrever esse texto inicialmente foi num dos primeiros textos que escrevi por aqui onde mencionei algo sobre moscas ~que esqueci por não ser muito relevante~mas que preciso isentar as pobres coitadas da conotação negativa a qual muita gente ainda associa. Acontece que as moscas são insetos muito fodas na natureza.

~Atrás de mim tem uma pilha horrenda de louças pra lavar, então, não é falta do que fazer escrever sobre isso~

Certo dia atraímos uma delas aqui dentro de casa. Disse à minha amiga nesse instante: “sabe quem esse cara é aqui dentro? Uma mosca.”

Minha amiga franzia a testa tentando entender alguma coisa. Se ela tiver disposição pra ler esse texto irá entender. Mas as moscas tem um papel fundamental na natureza, afinal, não existe carniça que a mosca não corra atrás, e certamente que se houverem moscas demais à sua volta, existe algo apodrecendo. É hora de checar tudo atenciosamente.

William Blake em seu poema “The Fly”, de 1794 descreveu brilhantemente a brevidade da vida das moscas em relação à brevidade de nossas próprias vidas:

If thought is life
And strength & breath;
And the want
Of thought is death;

Then am I
A happy fly,
If I live,
Or if I die.

Moscas tem a nobre tarefa mesmo que inconsciente, de nos indicar que precisamos fazer uma faxina em alguma coisa, do contrário ela colocará seus 100–500 ovos naquele local onde você menos espera. E de lá se você for mesmo relaxado, sairão uma horda de mais moscas que pousarão na sua sopa. Antes de compreender isso eu agia como o Walter White, afinal, se uma mosca aparecer no meu caminho ela tem que sair. Hoje eu vejo que as moscas nem deveriam estar aparecendo no seu caminho, para início de conversa. Mas se aparecerem, eu ajudo-a a saírem e viver em paz o restante dos poucos dias que lhes sobram de vida. E se matar uma mosca, o livre arbítrio existe aí pra isso: ela com certeza será alimento de alguma outra coisa. Mas se você não soube identificar a causa das moscas estarem pousando na sua sopa, meu amigo, virá outra em seu lugar e pousará de novo.

Por outro lado, moscas não comem apenas carniça. Se você der liberdade o suficiente, elas comerão do seu próprio prato, quentinho. E tem gente que é assim. O grande problema é que não se sabe em qual lixeira a mosca andava pousando antes de comer do seu prato, e de lá ela pode trazer uma série de bactérias que podem sim te prejudicar, mesmo que ela mesmo não queira. Então eu não mato mais as moscas, mas aprendi a espantar, mas não pra muito longe, pois também quero saber aonde está a carniça na minha casa para que eu limpe e jogue fora. E aprendi a admirá-las também, pela coragem de habitar os lugares mais inóspitos da terra dos homens e conviver com o constante medo de ser morta por um mongoloide ou baygonzada por um intelectual. E aí leitor, o que você vai fazer para se defender? Já adianto que os sapos dela se alimentam sim, mas podem possuir um veneno debaixo da pele que vou te contar…

Trazendo agora pro chão. Cansei de me tentar me fazer útil para pessoas que não precisam. Minha utilidade agora é pública, e pra quem quiser algo particular comigo, eu comecei a cobrar a partir de hoje. Como diria Chorão, meu consultório é na praia, eu tô sempre na área, mas não sou da tua laia não. Afinal, já se foi aquele tempo da ladeira irmão.

Deixe viver, deixe ficar. Deixe estar como está.

Muita gente que conheço deveria ler esse texto, pena que elas estão ocupadas demais para isso.

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