O dia em que expulsei um cliente chato do meu carro
Minhas histórias de jéquison faive uberboy talvez vão render.

Pois é. Ando fazendo corridas num aplicativo há alguns dias como forma de ter uma renda extra, mas enfim, eu juro que tive meus motivos. Esse texto é uma forma de me fazer esclarecido mesmo que nada tão grave tenha acontecido. Mas honestamente, das vezes em que eu realmente me emputeço com alguém ou com a vida eu aprendi a registrar de alguma forma que seja, não pela raridade do momento, mas pela comicidade do que ocorre quando eu realmente me emputeço.
Eram mais de uma da tarde. Minha sessão do dia estava quase chegando ao fim e tal, então aceitei uma corrida pra um bairro meio complicado de ir em uma zona meio complicada de se estar na cidade. No instante em que parei pra buscar o sujeito, eu já estava pensando no que iria almoçar, e aonde iria almoçar… Aí ele aparece, balançando o celular naquele típico sinal que nem é preciso descrever pra se entender.

De começo, tudo certo. Iríamos pro centro da cidade e no horário havia um certo trânsito no trajeto ao centro. Confiando na eficácia de um aplicativo (o qual confesso que foi um erro, foi a fome) eu tomei uma rota não muito óbvia pra quem iria para o centro. Mas ainda sim o caminho fazia sentido. O problema foi que o desgraçado do meu carona começou a reclamar.
Tentei pedir desculpas e tal, fazer tudo bonitinho, mas ele estava realmente implacável nos comentários e não queria saber de papo. Era o momento dele, e de fato eu o dei razão. “Vou chegar daqui a uns… vinte minutos aí… O uber ERROU O CAMINHO”, falou o sujeito no telefone com alguém. Não vou descrever muito o cara por motivos óbvios, mas não se tratava de nenhum executivo ultra ocupado e sem vida. Talvez o sujeito fosse isso em sua cabeça, e de certa forma seu stress era contagiante. Taqueopariu mano.
Então a cada rua que eu entrava pra tentar agilizar a entrega dessa mala o quanto antes, ele reclamava mais ainda (“vai pro aeroporto é mano? Que é isso?”). Nesse instante juro que comecei a ter vontade de mandar ele descer lá mesmo, no meio da rua e do trânsito. Bendita dignidade que me faz aguentar trambolhos vivos como esse. Daí em diante eu só acelerei. Em rua de 40km/h eu fazia 60, 70, e em rua de 60km/h eu fazia 80, 100. Mas quando o trânsito permitia. Foi aí que ativei o modo need for speed mano.

Ah, velho. Um dos maiores prazeres sutis da vida na minha opinião é mandar gente à merda, mandar gente se foder mesmo. Mas sem necessariamente usar essas palavras, e melhor ainda, sem necessariamente usar palavras. E ainda melhor, mandar gente se foder sorrindo! Aaaaaaaaah mano, essas tretinhas às vezes ajudam a temperar melhor nosso caldo. Então abri um tic tac, tomei uma água no sinal parado, e começou a tocar Kendrick Lamar. KENDRICK LAMAR MANO. Cantei junto mesmo. O cara nem é zika ksksksk
O que me irritava mais ainda é que mesmo estando perto do destino, onde eu sabia como chegar, o chatonildo mantinha uma pose de quem quer estar no comando, apontando o caminho correto já que o motora não sabe dirigir e não sabe nem pra onde vai. E daí em diante parei de ouvir o que ele falava, e parei de falar qualquer coisa. Comecei a cortar os carros no trânsito sem medo, e o termo é esse: sem medo. E esse meu ‘sem medo’ começou meio que a assustar o cliente. Foi mal, cara.
Então, chegando lá o sujeito me pergunta quanto foi. Eu respondo “precisa não, querido. Tudo certo”. Ele insistiu. AH MANO, PERA LÁ. Eu dei meu ultimato, que já vinha pensando enquanto estava emputecido durante o trajeto.
~ MEU AMIGO, SÓ PEGA AS TUAS COISAS E VÁ-SE EMBORA POR FAVOR.
Em menos de 5 segundos o cliente desceu do carro e buscou sua mochila no banco traseiro, sem dizer um piu.
Fui almoçar e aproveitei que já estava no centro pra fazer compras na feira. Fiquei tão puto que acabei dando 5 estrelas pro cara, sem querer.
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