domingo, 15 de maio de 2016

Passou mais um tempo e aqui estamos nós de novo né... Aconteceram muitas coisas nessa vida ae. Tipo, não me lembro se escrevi dos carinhas que tão morando aqui também, o Ema e o Ever e tal... Ficamos realmente super amigos. Agora eu tô no quarto deles escrevendo qualquer coisa e ouvindo Freak, da Lana del Rey, que me foi apresentada pelos meninos. E a vida tá boa.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Eu vou voltar pro Brasil

Loucos dias sem história
loucos dias pra memória
dias que foram
e nunca mais vão voltar

Parece que a hora de ir tá chegando de novo. Descobri hoje que o visto pra ficar pro ano seguinte tá quase impossível. Então caminhei pela cidade observando tudo, relaxado, nostálgico, lembrando das coisas que aconteceram até aqui.

Dublin foi uma professora pra mim. De fato eu não vou saber explicar direito o que ela me ensinou, mas certamente ela vai deixar saudades. Dos dias normais, reclamando do frio, ou dos dias loucos fumando maconha, ou das loucuras que é tocar pelas ruas e tentar me expressar. No fim eu sei que sou muito grato por Dublin ter me ensinado o que é ser eu. Atrás das tentativas de romances, das noites em claro escrevendo, dos choros de saudade da família, ficou a essência do André.

Descobri que tenho que trabalhar muito pra conseguir me expressar por aí. Tenho muito ainda pela frente e muito provavelmente eu voltarei aqui. Mas esse tempo que tô passando aqui foi uma luz na minha vida. Nunca mais vou conseguir me entregar a coisas que não gosto. Nunca mais vou deixar que ofusquem o meu brilho. Só eu mesmo sei o valor enorme que eu tenho pra esse mundo.

Esse choque de realidade já mostrou que eu amadureci bastante, e por mais que a vida cague na minha cabeça eu não vou deixar de me limpar e continuar andando. Vamo lá.

domingo, 3 de abril de 2016

É chocante saber que a vida é maravilhosa, e que cada momento de fato tá sendo bem aproveitado, sendo triste ou feliz, a vida vem sendo bem vivida... Mas algum dia ela acaba de verdade. Como uma vela que se apaga e não acende mais. Acaba.

terça-feira, 22 de março de 2016

Ciclos

Inspirar
e expirar
tudo é um ciclo.

Cada passo é um novo
mesmo sendo num mesmo caminho
tudo é diferente,
tudo é um ciclo.

Um dia o mar tá calmo
e você relaxa,
aproveita o dia
e vive
no outro o mar já é outro
te acorda na noite
e te sacode,
então
ou você aproveita
e vive
ou esquece de tudo.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Go with the flow

I went with the flow
and I realized there's no turning back
go with the flow
is suicide
(...)
you drain out
it'll kill you someday

I went with the flow
and I saw the yeahs behind the noes
go with the flow
clears your windows
(...)
life needs less answers
and more questions

I went with the flow
and it stuffed they down my throat
sour berries
and sweet lemons
so I realized
it's not about how things look
but how they taste

I went with the flow
and it took me far away from home
(...)
a strange man in a normal land
could be a normal man in a strange land
go with the flow
makes you fly away

        go with the flow
        makes you forgetful
        living the present,
        being distracted

        and distracted
        I met this girl.

Go with the flow
will kill you someday, man
yeah, kill you
with pride and joy
and it'll come
when you're flowing.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Você é um moleque

Você é um moleque
você é um bosta
eu te falei pra se controlar caralho
fica se enchendo de esperança aí
filho da puta
seu merda
daí depois dá zica
e você se fode
e fica chorando
deprê e a porra toda
se achando um azarado
mas eu te falei
seu merda
controla essa bosta de coração
não fica afim daquela mina não
senão
(porra)
já era,
seu moleque de merda.

quarta-feira, 9 de março de 2016

que porra que sou eu?

Escola Estadual por oito anos
Igreja Batista por dois e meio
cachaça e Rivotril por três
meditação por um mês
maconha e pó por um ano
Bradesco por dois
e música por seis
===
viagem
===
outro país por dois anos
LSD por uns dias
drogas
livros por anos e anos
e tentativas em vão
de responder
a simples pergunta:
que porra que sou eu?

Escrevendo na madruga

Porra, caralho. É mais um daqueles dias. Por um lado eu até fico feliz em voltar a escrever de madrugada e tal, só que o foda é que dessa vez eu tenho que acordar cedo amanhã, eu já não sou mais um intercambista desempregado vagabundo da porra. Isso é foda mano. Ano passado acho que nessa época eu passava noites em claro, fumando e escrevendo, sem sono algum. Então ia dormir às 6 da matina, e só acordava pra aula que muitas vezes eu faltava haha

Mas é isso, fico feliz por voltar azatividades

Andre

domingo, 28 de fevereiro de 2016

O André ao chegar em Dublin.

Então ok. 9h36 em Madri, vou embarcar em 10 minutos, esse é um post rápido.

O André ao chegar em Dublin já não vai ser mais o mesmo. Ele é feliz, e vai viver dias alegres com suas artes, escrevendo suas bobagens, cantando suas músicas, tocando pelas ruas, e sendo autêntico como sempre. Ele vai fumar mais maconha e usar mais drogas, ele vai seguir as insinuações do Aldous Huxley. O André vai olhar pra si mesmo com alegria, e deixar as coisas acontecerem.

O André vai continuar vivendo sem fazer ideia do que acontecerá no futuro. Ele vai continuar vivendo o presente e deixando o passado ir com os textos escritos. Pra que um dia chegue, e nesse dia ele vai ler os textos, e lembrar que a vida dele é maravilhosa.

O André vai continuar seguindo, lutando, chorando, gritando, caminhando, aos trancos e barrancos, caindo e levantando... Mas o André vai continuar seguindo, e sorrindo no final.

O fim do Camino de Santiago (Hedonistando)

Então vamo lá. São 8h44, estou no Aeroporto de Madri esperando o voo até Dublin. Como no último post, é difícil organizar a cabeça depois dessa viagem, por um lado positivo. Fico me perguntando se qualquer viagem seria como essa, ou se são os tipos de viagem que me mudam tanto. Digo, nessa trip eu conheci uma rapaziada que viaja o mundo inteiro... Juntando com o que eu vinha lendo esses dias -- 1984, de George Orwell -- eu me senti deslocado dessa rapeize. Falo que, pelo mais cru que seja, eles são ricos e eu não. A realidade deles é diferente da minha. Por exemplo agora, tô voltando pra casa (MINHA CASA AGORA É DUBLIN!!!) com algumas moedas na mochila e sete euros em conta, até semana que vem.

Ontem a tarde estava no Museu do Prado quando algo especial aconteceu. O Rapha (meu primeiro roommate) me marcou numa publicação no Facebook. Era o OPEN MIC DO DARK HORSE!! Dessa vez tive certeza que é música que eu amo de verdade. Esse Dark Horse sim fica em Dublin, e estavam recrutando uma galera pra tocar lá nas quintas feiras. Teclei com o cara e pá, consegui um lugar pra tocar no pub. Daí meu coração pulou, meu corpo tremeu e minha boca sorriu. Amar alguém te dá essa sensação. Amar é ser sacudido por alguém, e sentir que nada mais interessa. Já sei que quando isso me acontece, é porque é amor de verdade. Foi ontem -- no último dia -- que eu tive essa resposta, de que não só música, mas TOCAR música, entreter pessoas é o que me move. Hoje tô muito feliz por isso e sei que é a volta por cima na minha deprê.

MAS VAMOS A VIAGEM!!! Como já disse antes, é difícil resumir o que me aconteceu nesses dias, mas preciso deixar escrito. Fiquei tão feliz em ter voltado a escrever, ao ver minha história sendo derramada... Nessa viagem eu recuperei minha autoconfiança, eu recuperei minha vontade de criar, eu terminei de me descobrir. Rolou um diário na página do Lixeira durante os três primeiros dias, mas fiquei sem postar quando cheguei em Betanzos e lá não tinha internet. Mas continuei escrevendo, e vou postar quando voltar a Dublin. Só que pouco escrevi sobre o último dia, sobre minha chegada em Santiago. A verdade é que foi algo muito pessoal, a ponto de não pertencer a Lixeira, e sim ao Hedonistando. Mas vamo lá.

Pois é, não me despedi do Julian. Ele foi seguindo o caminho errado bem lá na frente, então eu apenas tomei o meu caminho certo. Boa sorte pra ele. Pensei depois, minha vida é assim mesmo. Lembro do meu sonho. Caminho só, no meio do caminho conheço gente, e até caminhamos juntos por um tempo, mas alguma hora eu sigo o meu caminho. Eu sei -- ou pelo menos penso que sei -- pra onde tenho que ir. Então cheguei em Santiago de Compostela sozinho, embora os planos tenham sido de chegarmos juntos. Na hora pensei que choraria ao chegar, mas não. A cidade era espetacular. Andei um pouco por ali, mas chovia, então fui direto ao Seminario Mayor. Me fudi. Pensava que era o albergue barato do bagulho, mas era um hotel meio luxo e meia boca.

Mas puta que pariu. Nesse dia eu chorei, e não foi pouco. Ao entrar no quarto eu desabei em lágrimas, daí me recompus, tomei um banho, busquei a Compostela, e fui à Missa do Peregrino. Puta mano, que momento louco foi aquele! Só de chegar na Catedral os olhos já começaram a encher, daí ao enxergar o padre fazendo as rezas e olhar toda a beleza daquele lugar eu não me contive. Haviam poucos peregrinos ali, a maioria parecia ser local. Mas eu chorei, cara. Fiquei no último banco, tentando segurar o choro que vinha involuntariamente. Lembrava muito do Julian, e de todo o caminho que percorri. Era o final, e o final era feliz. Senti muito orgulho de mim mesmo, e sim, fiquei feliz comigo mesmo.

Eu pensava ser avarento e egoísta, mas descobri que não ao lembrar da caminhada. Cara, dividi minha comida com o Julian, dividi meu dinheiro -- literalmente! -- com ele, e fiz o meu melhor pra o ajudar. No final, me sobraram 20 euros e sem perceber, dei 20 euros a ele também. Deixei as contas pro final, e por isso fiquei pobre aqui em Madri. E fiquei feliz porque tudo o que gastei com ele foi o melhor que pude fazer, digo, não me sobrou dinheiro mesmo. Em Sigüeiro eu dei 20 euros a ele, paguei sua estadia, cozinhei um bom jantar e fiz um bom café da manhã (meu estilo, misto quente) na manhã seguinte. O velho não me agradeceu com palavras, mas a maneira como ele me olhava era de agradecimento. Ouvir um obrigado é bom sim, mas ter ajudado sem ouvir esse 'obrigado' foi muito bom no final.

E ali na Catedral eu cheguei sozinho, e chorei sozinho, desejando o melhor pra esse meu companheiro de pernada. Espero que hoje ele esteja bem e tenha encontrado alguém pra o ajudar até o dia 10.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Que vida!

Decidi escrever o título antes do post propriamente dito, pois na verdade não sei exatamente o que dizer, e essas duas palavras são tudo o que eu consigo falar até então. Que vida!

Que vida, porque há cinco anos atrás eu não fazia ideia do que estaria fazendo hoje, tampouco AONDE estaria. Que vida, porque vinha resmungando sobre minha própria vida sem saber de muita coisa. Que vida, porque nesses últimos 15 meses eu tenho vivido meus maiores sonhos, com meus próprios passos. Que vida, porque sou feliz e hoje eu sei disso.

Vou terminar por aqui e escrever sobre minha viagem a Espanha.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Nikki

Finalmente. Acordei às meio dia, ainda tô sozinho no albergue. Aparentemente, alguém veio e deixou o portão lá fora aberto, mas pode ser sido eu mesmo ontem à noite. Tomei café, fumei, dei uma cagada, arrumei minha bagunça, e finalmente tô tendo um tempo pra escrever sobre os assuntos do Camino. Tô ouvindo o album 'Turn Blue' do Black Keys, os caras são bons mano.

Os próximos posts serão sobre pensamentos que vieram pinguepongueando durante os dois dias. Vamo falar sobre ela.

Essa garota me apareceu no trabalho, começou a trabalhar na Topaz durante os sábados. Ficamos dois sábados trampando juntos, e ela pareceu ser bem gente boa -- gente boa mesmo. Trocávamos umas boas ideias e nesse tempo eu a via como irmã, broder de verdade. Eu tava na lenga lenga com a Sharon e minha confiança tava ok, até o dia do pub em Massachusets. Daí ela mudou pra loja e eu fiquei no deli.

De vez em quando ela me mandava mensagem no facebook e eu pensava, cara, ela deve gostar da minha amizade. Era tipo do nada. Conheci a mãe dela, também era muito gente boa... Repito, não sei se tô menos índio ou se as pessoas que venho conhecendo são massa. Falávamos mais sobre trabalho nesse tempo. Legal que ela me chamava pra sair fora do trampo, isso era um bom sinal de amizade e tal...

Final do ano, acabou que nos encontramos na Diceys. Não estava nos meus planos ir pra lá, deu zica na minha ida pra Pygmalion, mas foi até daora. Não conversamos muito esse dia, mas foi a primeira vez que eu pensei em ficar com ela haha... Mas era só cafajestagem até aí.

Ela me convidou pra ver um jogo de GAA no Croke Park. Fomos juntos, mas nesse dia eu já tava bem deprê, e ela era muito minha amiga aos meus olhos. Mas lembro que de vez em quando ela mandava snaps, ou mensagens do nada perguntando como eu tava, tipo, eu penso que era pra não perder o contato? Certa madruga ficamos conversando até 1h da manhã e eu acabei mostrando um pouco do meu mundo pra ela. Quando eu faço isso é difícil eu não mudar minha percepção em relação a pessoa. Falei que escrevo e que faço música, e algumas ideias que tenho. Enxerguei nela uma garota divertida e que poderia me ser uma boa companhia. Falei que vinha fazer o Camino de Santiago e ela quis vir junto. Queria viajar comigo, queria estar comigo... Cara, fiquei bolado com isso viu haha

Eu tava deprê. Ela mandava mensagem puxando assunto. Planejamos uma trip e tal. Daí ela comprou dois ingressos pro show do Macklemore & Ryan Lewis e me convidou. Até então eu só falava com essa mina quando ela falava comigo, mas depois disso eu fiquei bem bolado mesmo. Senti que precisava sair com ela e trocar uma ideia. No final das contas vamos a esse show e ao do Lumineers no dia seguinte. Não fiquei gamadão, mas já tinha um bom carinho por ela.

Fomos a Bray no Valentine's day. Eu nem tinha me tocado que era Valentine's até um dia antes. Ela tinha concordado em passar o dia inteiro comigo, e não importava o que a gente ia fazer, era tipo, ela só queria estar comigo naquele dia (que foi só semana passada e já parecem anos). Foi em Bray que eu realmente senti o frio na barriga, que eu queria abraçar forte e beijar com carinho. Fiz um cartão pra ela, mas não entreguei porque não rolou de ficarmos, somos tímidos hahaha... Me convenci que gostava dela nesse dia.

Na semana seguinte falamos menos, comecei a me duvidar se ela me curtia mesmo, mas pensando durante o caminho ontem, ela conseguiu entrar naquele lugar onde não importa tanto se ela gosta ou não, eu sim tenho um carinho enorme por ela e gosto pacas, não é a toa que penso nela várias vezes ao dia e tô escrevendo esse textão boboca falando dela. Preciso ir embora porque já são quase 14h e eu ainda tenho uns quilômetros aí pra andar. Mais tarde eu escrevo mais lezeiras ae. Paz.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Camino de Santiago Dia 2 - Os albergues sinistros (Lixeirada)

Bem, então é isso aí. Agora eu tô de boa outra vez na cozinha do albergue de peregrinos escrevendo no laptop e tomando um vinho de 1,50 pra comemorar a vida. O dia foi longo e muito mais cansativo que o anterior, segundo os papeis eu caminhei 24km e cheguei a subir e descer mais ou menos 70m de altitude. Foi punk mano. Deixa eu tomar outra golada aqui...

Os albergues de peregrinos durante a baixa temporada (inverno) funcionam desse jeito: você chega no lugar, pá, daí o bagulho vai estar fechado. Sim, amiguinho, fechado. Só que na porta vai ter -- ou espero que tenha pelamordedeus -- um aviso com o número do dono da chave da casa. Então você vai e liga pro cara e pede pra ele vir de algum lugar e abrir pra você.

Cheguei aqui em Miño às 18h e foi o que aconteceu. Não tinha uma alma viva por perto. Liguei pro jhoul da chave e ele me pediu pra esperar até as 21h. Lembrei que era sábado e tava tendo a rodada do campeonato espanhol. Porém, eu tinha girado a maçaneta e o troço tava aberto. ABERTO. Dei um salve pra ver se tinha alguém dentro, e nada. Vou abrir um parêntese aqui rapidola.

Ultimamente eu tava jogando H1Z1, um jogo de apocalipse zumbi em que você entra em casas vazias pra pegar mantimentos e armas, mas você tem que tomar cuidado pois podem haver pessoas escondidas nas casas pra te matar e roubar seus pertences. 

OK, então aí você já sabe qual foi minha reação né. Peguei a primeira arma que vi pela frente (ver extintor de incêndio) e saí entrando em todos os quartos do albergue. Aqui tinha dez portas abertas, dez salas pra ver. O foda é que NÃO TEM BARULHO NENHUM, a não ser os seus. Ai, tô quase acabando o vinho. Mas então, entrei em todos os quartos mas de fato não havia ninguém aqui e o lugar tava aberto (!!!!!).

O veinho da chave veio como prometido às 21h, e eu descobri que o último peregrino passou aqui no dia 16, quatro dias atrás. O foda desses albergues é que o gênio que colocou insul-film nas janelas e portas de vidro instalou a parte reflexiva pra dentro da casa, ou seja, você só vê o próprio reflexo e não consegue ter ideia se tem alguém lá fora te olhando. Que maravilha hein mãe hahahaha

A verdade é que eu me tranquei no prédio e não há nada nesse mundo, NADA, que vai me fazer sair até amanhã de manhã. Nem pra fumar eu tô saindo cara. Não saio daqui neeeeeeeeem fudendo!

Agora preciso terminar esse vinho, escrever mais um pouco e dormir. Amanhã o dia vai ser light. Tchau, se cuida aí.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Camino de Santiago - Round 1

A rota hoje foi de Ferrol até Neda.

Agora eu tô relaxadaço aqui no albergue de peregrinos em Neda, sozinho, escrevendo na cozinha. Tenho o albergue INTEIRO só pra mim essa noite. É que a galera não costuma perergrinar no inverno. Isso é coisa de André mesmo. O lugar até me surpreendeu, tem cozinha, lavanderia, banheiros e até wifi! E o melhor de tudo, custou só 6 euros.

Mas ok. Meu dia foi longo pra porra. Me despedi ontem da galera do hostel, puta galera manera... Não sei se eu que fiquei menos índio de uns tempos pra cá ou se eu tive sorte de encontrar um pessoal daora mesmo. Fui pra estação de ônibus e embarquei às 0h30. Foram oito horas de viagem. Dormi e acordei tanto que não sabia nem aonde tava direito. Meu medo foi que durante o trajeto eu vi que nevava e fazia uma friaca dos infernos mano... Mas lá em Ferrol tava de boa. Cheguei às 08h.

Ferrol é uma cidade do interior tipo Santarém, com a orla, a igreja em estilo colonial e tal, uns mercadinho fulero aí... Eu fiquei andando pela cidade até o escritório de turismo abrir, às 10h30. Andei feito cavalo, com a mochila pesando 11kg nas costas. Nada mal. Daí cansei e entrei num café pra ler um pouco e matar o tempo. Aliás, tô lendo 'Doors of Perception' do Aldous Huxley, e cara... É esse o livro viu! Basicamente ele tomou uma droga muito louca (mescalina) e ele escreve sobre o barato que ele teve haha

Então, 11h, peguei o Passaporte do Peregino, vambora. O caminho é lindo, mas até você se acostumar com o peso da mochila é um sofrimento... Fui andando e tirando fotos, descobrindo o meu ritmo, demorei uma eternidade pra andar 6km. Mas isso não foi nada comparando com o que houve depois.

Chega uma hora que a empolgação passa, e você passa a olhar menos à sua volta. É a hora que o Camino começa a falar contigo, como se ele soubesse o momento certo. Foi o ponto alto do dia. O relógio não fazia nenhuma falta nessa hora, as pessoas em volta e a cidade (o caminho passa em volta da cidade né) ficou irrelevante. Pode ser que os meus próprios passos tenham me hipnotizado, mas eu sabia que o barato tava bem louco. O único barulho que eu me lembro direito vinha dos meus passos e da minha respiração, às vezes um carro ou outro por perto. Então eu senti fome, sentei num lugar e comecei a comer um sanduba que preparei no dia anterior.

Isso é engraçado, mas não é a primeira vez que isso acontece quando eu tô comendo. Nas primeiras bocadas eu simplesmente comecei a chorar. Não, eu não só chorei como eu solucei comendo, chorava e comia feito uma criança, feito um retardado. E o pior de tudo é que eu demorei a entender o porquê.

Eu vim pra cá cheio de dúvidas e com a cabeça toda bagunçada, digo, ainda tenho essas dúvidas e bagunças, mas enquanto comia era como se nada mais importasse. Senti algo estranho, como se eu, o sanduba e o caminho, e o TUDO, fôssemos a mesma coisa. Isso é bem Paulo Coelhístico mas foi o que rolou... Não sei como explicar, mas eu chorava de alegria, era como se eu estivesse no céu por um momento. Me senti a pessoa mais feliz e sortuda do universo, isso foi um puta de um orgasmo espiritual cara...

Quando mais novo eu sonhei que estava tão feliz, mas tão feliz que nem continuar vivendo fazia diferença. É estranho, né, mas nesse sonho eu literalmente morria de alegria. Obviamente que eu não quero morrer, mas ficar feliz a um ponto de nem a vida interessar mais deve ser muito louco. Acho que hoje eu senti uns 20% dessa felicidade. Foi muito foda. Daí eu acordei pra vida e meus pés precisavam de atenção, começaram a criar bolhas e tal. Me arrastei até Neda e cá estou terminando esse post pra ir dormir e ser feliz amanhã de novo. Tchau.

Então é assim que você quer morrer?

Então, é assim que você quer morrer,
isolado,
com frio
e chorando?
Parece que sim.
Isolado da monotonia,
com frio na barriga
e chorando de alegria.

Caminhar até esquecer o porquê,
pra ver que o final
só existe uma vez,
e todo o resto,
TODO o resto,
é meio.
Caminhar pra esquecer,
ou pra lembrar
que tudo é você
e que você é tudo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

o texto de um dia que quase não aconteceu nada!

Meu mundo hoje cresceu um pouco. Só de conversar com pessoas novas eu me senti melhor. Tentei ficar sozinho o dia inteiro, mas isso foi impossível. Méritos ao acaso por isso... Ao chegar no centro de Madri, tratei de localizar meu hostel e andar até a hora do check-in, isso era questão de três horas. Fui no KFC pela primeira vez na vida, li um capítulo do 1984 e subi uma rua que me parecia interessante, havia uma feira ali. A rua inteira era de livrarias de rua, livros usados, achei incrível. Subi aquilo lentamente, não tinha pressa nenhuma.

Lembrei que momentos antes eu estava no aeroporto, caminhando até a estação do Metrô quando recebi uma mensagem da Nikki. 'Aproveita a viagem!', disse ela, e eu respondi quase que obrigatoriamente 'Já estou aproveitando!', mas na verdade ficava pensando, inseguro, se iria mesmo curtir bem a viagem sozinho. Pensava nela, o que ela andava fazendo, pensei em mandar mensagem, mas na verdade eu precisava 'estar aproveitando' a minha viagem, né... Era esse pensamento que ia e voltava na minha cabeça quase sempre. Acho que tô gostando dela de verdade. Que bosta. No final da rua dos livros usados havia um portão para um parque. Era o Parque de El Retiro e eu nem sabia.

Não consegui me animar muito pra fazer planos pra Madri, e mal olhava o mapa. Na verdade eu não tinha ideia do que estava fazendo ali. A bad tava batendo fudida. Andava devagar, pensando um monte e querendo estar com a Nikki. Pode ser paixão boba ou algo repentino, mas é a minha verdade nesse exato momento, só quero que ela esteja bem, e não vejo a hora de sair com ela de novo. De repente, entrei numa trilha de areia por impulso e por ela fui caminhando bem lentamente. Quando senti que era a hora, me sentei num banco de praça. Um velho bigodudo me perguntou 'você vai dormir aí?', eu disse que não, daí começamos a conversar. Eu só queria sentar pra escrever, merda.

O velho falou de um milhão de coisas, era maçante, mas conseguia falar espanhol com ele. Me contou a história de Madri, lugares pra visitar, as antigas capitais da Espanha, regiões como Andaluzia, Catalunya e tal, cidades que eu DEVERIA dar uma passadinha, o velho era simplesmente apaixonado por seu país. Deveras, né. Foi um papo ok, descontraiu e fez o relógio andar, daí ele começou a agarrar minha coxa enquanto falava. 'Coisa de espanhol', pensava. Até aí ok, mas quanto mais ele conversava, mais se empolgava e agarrava minha coxa e chegava perto do meu saco. Protegi meus bagos, claro, né. Uma hora o negócio foi demais pra mim e eu consegui encerrar o papo. Ficamos uns dez minutos dizendo tchau e nos abraçando, mas quando esse velho soltava o abraço, descia a mão pelos meus quadris até minha bunda. Isso rolou umas cinco vezes. O cara me chamou pra almoçar com ele. O velho não parecia gay, mas essas parada de ficar pegando em coxa e bunda é meio esquisito, sou machão mesmo ok... Ele foi embora, eu escrevi algumas coisas e segui meu rumo ao hostel.

Logo ao entrar, o hostel me pareceu super descolado. Gostei de cara. No meu quarto haviam três gurias, Sarah, Heather e Sam. Todas elas bem gente boa. Conversamos bastante. Sarah me atraiu, australiana e tal, Sam também era de lá, e cara, a mina tem um livro publicado e tá escrevendo o segundo! A pobre da Heather caiu de cara na noite anterior e quebrou o dente, a mina tava em apuros. Depois que adicionei a Sam, me ocorreu que ela é mais rica, vai e volta da Australia e vive viajando, quando a Sarah me disse que os tickets são absurdamente caros. Ela existe em um mundo diferente do meu. Depois de um tempo eu fiquei só outra vez, e isso foi ruim. O celular tá descarregando e a bateria não carrega direito, logo quase ninguém me mandava mensagem, e eu queria estar com a Nikki. Sim, eu fico muito bobo quando gosto de alguém. Me veio a cabeça que ficar sozinho não era a melhor coisa a se fazer. Não ainda.

'Quer vir comigo comprar comida?', me convidou Sarah. Ela tinha um sorriso lindo, rosto bronzeado e sardento, isso é sexy pra mim. Compramos comida e ficamos conversando no lounge do hostel. Ela tinha 32 anos. Eu tenho 22 até onde sei. Pode esquecer, André. Daí enquanto falávamos havia uma outra australiana que ouviu a conversa, e logo estávamos conversando em grupo, éramos uns cinco. Juntou-se uma mina que parecia indiana e um brother da Nova Zelândia. Eles falavam bem empolgados sobre a Espanha, cada cidade que eles visitaram, logo me veio a cabeça duas coisas: 1) Esse país deve ser muuuuuuito daora mesmo, preciso pesquisar; 2) É cara, esse é um grupo que eu não pertenço, talvez não ainda. Viajar por viajar, por ver lugares bonitos ainda não é minha parada. Digo, decidi escrever sobre meus dias aqui, compartilhar a experiência pessoal da jornada ao invés de apenas postar fotos de lugares lindos e comentar 'LINDO LUGAR!'. Voltei pro quarto e fui dar um cochilo.

Levantei de novo, tristonho, tomei banho e decidi sair por aí, me arriscar (menos, né), andando sem ter ideia da direção. No final encontrei a Plaza Mayor, é um lugar ok, mas no final eu avistei um Carrefour. Quanto tempo, Carrefour!

Ali os preços eram muito menores que os de Dublin. A qualidade também era diferente. As coisas pareciam mal organizadas na prateleira, daí me veio a cabeça que os espanhóis são bem diferentes, o inglês é tão não-me-toque que isso me irrita às vezes. Gostei disso. Uma latinha de cerveja pode custar até 0,30 centavos. Comprei os ingredientes pro meu misto quente de praxe. Voltei pro hostel e preparei minha comida.

Ficamos conversando até agora, meia noite e meia, sobre cidades e culturas e etc desse tipo. Havia um irlandês no meio, e na verdade EU tinha mais sotaque irlandês do que ele mesmo. Isso me deixa com vergonha um pouco, é como se eu tivesse tentando imitar os caras, sei lá... Mas ok, o cara também é apaixonado pela Espanha e vive aqui há três anos e meio. Nem sonha em voltar pra Dublin. Esse país deve ser mesmo daora viu, principalmente Granada. Todo mundo fala em Granada, meu! Nessa conversinha besta o meu mundinho abriu um pouco.

--

Ando preso em coisas que eu mesmo construí -- O que você vai fazer?, é uma coisa delas. A maioria das pessoas que conheci hoje não faz ideia do que tá fazendo da vida, e mal pareciam se preocupar. Deixam a vida correr como na mais linda imaginação. Preciso pegar mais leve comigo mesmo, se as coisas derem errado, a vida vai me dar outra chance pra outra coisa. Só pegar mais leve comigo mesmo. Mas eu gostei da Nikki mesmo.

E olha que esse foi o texto de um dia que quase não aconteceu nada!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A treta do Open Mic errado

No final do ano passado as coisas andavam muito loucas pra mim. Já tocava na Grafton Street com uma frequencia, sentia minha voz melhorar cada vez mais, estava feliz pacaraio... Tava nessa época que eu batia papo quase o dia inteiro com aquela mina que vivia no celular. Minha confiança ia a mil cara! Daí eu queria mais, queria tentar a experiência de tocar num pub ou coisa assim. Então numa certa noite eu consegui uma vaga num open mic.

O problema é que esse pub ficava nos Estados Unidos e tinha o mesmo nome de um pub daqui. Fiquei feliz e ansioso, ensaiei a parada correndo, fiz uma puta correria pra descobrir que não havia pub no endereço que ele me passou. Eu me fudi. Assim, tive que desmarcar com meus amigos que iriam pra lá, tipo umas 10 pessoas eu acho... Foi foda. Enchi a cara nessa noite e comecei a chorar logo a chegar em casa.

Tinha feito uma postagem toda alegre, convidando meus amigos e tal no facebook, daí tentei apagar essa porra, mas por algum motivo ela foi apagada sim, mas sempre que eu abria o face, essa postagem aparecia em primeiro, meio apagada, me lembrando desse dia.

Tudo bem que eu já fiz muita coisa de que hoje eu me envergonho, mas acho que desde aí as coisas não foram mais as mesmas em relação a música. Minha confiança despencou literalmente. As coisas deram errado no amor, eu era assombrado por aquele dia ruim, mas vivia pra esquecer... É uma das coisas que eu faço bem, esquecer.

Hoje eu tô, no final das contas, feliz. Tô me reconstruindo de todas essas merdas, e sei que um dia vou ficar bem, e confiante.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Espero que não seja tarde

Vejo os ponteiros do relógio correrem cada vez mais
e as semanas ficando cada mais curtas
e eu te esqueci bem do meu lado
Todos os dias eu vejo você tentando se aproximar
pra ter alguém pra conversar
mas eu ando muito ocupado

Dormimos juntos, mas há sete palmos
nos separando
Eu enterrei você vivo
mas não vinha enxergando
Espero que não seja tarde pra dizer
te amo

Há um tempo atrás tudo era tão feliz
sorríamos juntos e nos conhecíamos tão bem
mas eu deixei você só
e eu fico imaginando qual vai ser esse final
será se vamos acordar e voltar a viver
ou será se é tarde pra dizer será?

sábado, 13 de fevereiro de 2016

A quick note on writing

Na verdade ainda não sei se escrever me faz feliz ou se ficar feliz me faz escrever.

Uma coisa é certa, os dois sempre andaram juntos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Pai

A história com meu pai é muito a minha cara. O lance é que eu só vim me dar conta que ELE é muito a minha cara um dia desses. Nunca fui maltratado por ele, na verdade o contrário -- meu pai é um heroi. Mas ele é muito a minha cara. Sorria pra mim e socava minha mãe, depois sorria pra mim de novo (não que eu soque mulheres). Não tratamos ninguém da mesma forma. Seja um cara legal que seremos mais ainda. Seja um mané que comeremos seu rabo.

Demoramos dizer 'eu te amo'. Pensamos muito e falamos pouco. Acreditamos que o sorriso certo e o olhar verdadeiro vale mais que qualquer palavra. Sentimos um pouco mais essas coisas. Conseguimos dar o melhor abraço do mundo se quisermos. Escrevemos de vez em quando. Somos curiosos. Nos divertimos bastante sozinhos. Somos dois lobos solitários. Idênticos. Felizes e tristes. Viventes. Mas demoramos demais pra dizer 'eu te amo'.

Certas coisas nem precisam ser ditas, disse ele.

O que não é dito não será lembrado. O que é dito um dia será esquecido. Mas o que é escrito, fica.

Em frente a ele, trocando olhares sinceros, estamos falando mil palavras com os olhos. Daí eu abro a boca.

Eu te amo seu velho safado. Ele me abraçou. Esse mesmo.

Mãe

Me lembro que quando moleque, eu brincava ou fazia qualquer parada pela casa de manhã. Enquanto isso minha mãe fazia o café ou cozinhava. Ela cantava junto com o rádio. Era tão lindo.

Me lembro que eu pensava, por quê ela não grava um disco? Será que ela já tentou alguma vez? Era tão lindo ouvir... Aquilo era de uma paz

Nesses dias as manhãs eram quentes e havia sol na janela. Havia minha mãe também.

É difícil escrever chorando nessas manhãs escuras, frias e sem ela por perto. Sem ouvir as músicas dela.

Sorrir, às vezes é uma vitória. Deixar de lado os choros e saudades e ainda assim encontrar um sorriso no rosto é sim uma grande vitória.

Eu te amo mãe.

11/02/2016 - Camino de Santiago

Pode ser que eu esteja reclamando de barriga cheia, ou que eu tenha ficado mimado pela mamãe Dublin, mas a verdade é que fora o frio do caralho eu quase não senti a diferença da vida antiga em Manaus. Tô escrevendo aqui do trabalho, acabei de terminar e tô precisando esperar o busão porque o Luas tá em greve esses dias. Amanhã é o meu primeiro dia de férias em sete meses, mas aqui o trabalho pareceu uma eternidade. 

Vou mudar de assunto. Tô até sem saco pra falar de trabalho saporra.

Quarta que vem eu vou pra Espanha... Vou fazer o Camino de Santiago, o Inglês. O lance dessa trip é que vou deixar tudo acontecer por si só. Simplesmente comprei as passagens e vamo lá. Serão dias pra esquecer de mim completamente, na verdade nesses últimos dias eu tava numa minideprê, e isso abriu uma puta de uma crise existencial. Cara, eu vivo tendo essas crises, mas parece que dessa vez o bagulho é sérião mesmo. Vamo lá falar dessa merda.

2009. Eu tinha lá uns quinze anos e tal, era da igreja, escrevi umas poucas músicas e toquei elas com uma banda. Me senti a pessoa mais feliz do mundo, só ensaiando com eles um som quebrado e tosco. Tive vontade de me CHAMAR DE CANTOR. Daí aconteceu uns paranauês aí e a banda acabou. Saí da igreja, briguei com o pastor e ameacei ele de morte. Fora da igreja, um monte de coisa aconteceu, comecei a namorar, fiquei apaixonado e tal, daí já sabe né... Escrevia músicas pra provar pra mina que eu era um cara foda (se ela ler isso eu tô muito lascado hahaha), e comecei a escrever músicas "mundanas". Mano, eu toquei algumas dessas músicas com uma rapaziada ae também, foi muito foda.

O lance de escrever é o seguinte. Você escreve qualquer porra aí. Daí você se acha o super-foda pica das galáxias rei do universo que vai fazer o caralho na porra toda. Por um tempo. Geralmente é mais ou menos uma semana, mas às vezes demora mais tempo pra você se tocar que não era essa coca toda. Nesse blog mesmo eu leio as coisas que escrevi no início e fico PUTA MANO QUE IDIOTA ESSE CARA. Possívelmente eu vou ler isso aqui e pensar exatamente a mesma coisa daqui a uns anos. É a vida, cara. Mas hoje eu tô até evitando escrever qualquer coisa, música, poesia, qualquer coisa. Quero sair de mim um pouco.

O foda de admitir é que sim, eu já escrevo minhas merdas há alguns anos. Digo que já mostrei pelo menos 10% delas pra alguém. Amigos próximos, meninas que eu queria comer, gente que elogiava o que eu escrevia. Mas é aí que mora o perigo -- a galera elogia e você não tem certeza se foi sincero. É OK encorajar algum amigo que não é tão bom nisso e tal, mas como saber se o que você faz é bom de verdade? E se for bom, será que é bom o bastante em relação aos seus planos? Será um bagulho bom e profissional, ou só um hobby de um tiozão barrigudo de cerveja?

Preciso na verdade encontrar uma maneira de me separar dessa pessoa que recebe os elogios, esse ego fdp. Ele na verdade é o maior inimigo do artista, da criatividade. Enfim, minha viagem pra Espanha será a última vez que vou me fazer a tal pergunta -- é isso mesmo que você quer pra sua vida?

(continuar a escrever sobre escrever)

Sharon

Só preciso registrar isso aqui antes que eu chegue no trabalho, outro dia comece e eu esqueça alguns detalhes do que aconteceu ontem. Eu tô escrevendo no ônibus ouvindo The Lumineers, e tô felizaço porque consegui ingressos (!) pro show deles aqui!!!

Mas ok, vou escrever sobre uma garota que de certa forma me ajudou. Como já devo ter dito, escrevi um livro para uma outra guria que eu conheci no natal de 2014 (caralho como o tempo passa rápido) e de fato, levei muitos meses de cachaçadas pra ir deixando ela pra lá. Outro dia talvez eu escreva mais sobre essa aí. Mas não é dela que eu vou falar... É dessa outra minha colega de trabalho que me ajudou a esquecer dessa primeira que eu escrevi o livro. Complicado? Sei lá.

Então, acontece que na minha cabeça a mina tinha alguma coisa bastante em comum no íntimo dela. Ela era gata, sim, mas havia algo nela que me deixava muito intrigado. Escrevi uns oito ou nove trecos falando dela, e quando escrevo sobre alguém é porque o bagulho eh loko hahahaha... Daí começamos a trocar snapchats todos os dias, quase o dia inteiro. Isso aí fez o escritor de merda aqui entrar no modo abestalhado, ele se apaixonou pela mina. O problema dela é que a mesma atenção que ela me dava, ela dava pra um monte de amigas, a mina simplesmente ficava 24 horas na porra do celular, e digamos que eu passava uma ou duas horas falando com ela, NOSSA, isso pra mim é casamento!!

Tomei no cu depois ao me dar conta disso, e quando ela me disse que tinha namorado. Tive uma microsofrência por causa dessa bosta, que virou uma depressãozinha de Janeiro, a tal da January Blues... Hoje é dia 12 de fevereiro, posso dizer que já superei essa guria, principalmente depois do papo que tivemos ontem. Já nem teclava mais com ela, só falava mesmo uma vez ou outra quando trabalhávamos juntos. O papo foi normal, daí perguntei:

-- O que você faz no tempo livre?

Ela disse que não consegue ficar em casa sozinha. Já era o suficiente pra eu saber que ela não tinha nada a ver comigo. Daí a mina disse que sai pra fazer compras

-- COMO ASSIM? TODOS OS DIAS?

Sim. Todos os dias. Gastou 200 euros numa tarde, andando de um shopping na casa da porra pra outro na casa do caralho. Eu fiquei tipo, GENTE DO CÉU...

Só de lembrar disso eu tô sentindo náuseas de novo. Não é nojo, não, mas é um sentimento bem escroto, chamam isso de gastura. Cara, eh um sentimento de MAS QUE BOSTA MANO!

Tratei de sair de perto dela na mesma hora.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Lições que a vida na Irlanda me trouxe!!!!

1. E a mais importante. EU NÃO SOU ESPECIAL! Não sei por quê o caralho eu pensava que era diferente. Mas adivinha sóóóóóó.... NÃO!!! Obrigado, Europa por abrir meus olhos. Na verdade a minha infância não foi a mais difícil de todas, nem talvez a mais brilhante de todas. Tudo bem, meus pais se separaram aos meus oito anos, mas depois disso a minha vida foi igual a de muita gente por aí. Normal, segue o bonde! Simplesmente a vida peida na sua cara fudido e a única coisa que você pode fazer é peidar de volta. Nessa nossa vida, muita merda acontece, cara... E com isso vem o número DOIS...

2. QUANTO MAIS SE FODER, MELHOR! Siiiiiiiimmmm, amiguinho, quanto mais a vida peidar na sua cara, mais você aprenderá a responder com melhor qualidade. A palavra pra isso chama-se resiliência. Morar sozinho não é nada fácil, e nos momentos difíceis pode não haver ninguém nem pra te escutar. Claro, não tô falando de emprestar grana ou esse tipo, mas tô falando daqueles momentos que você deita pra dormir e o primeiro pensamento vem na forma de "que diabos eu tô fazendo da vida?"

3. TUDO DÁ CERTO NA HORA CERTA, maaaaaaaas..... Não conte com isso!!! Claro, muitas vezes nos embolamos com coisas nada a ver, maaaaaaaaas... Morando sozinho principalmente, o negócio é, se você não se mexer, fio, ninguém vem resolver suas cagadas... Porém, acima de tudo... Otimismo é uma chave pra uma vida feliz, meu amiguinho hedonista.

(Cara, tô ficando adulto mesmo pqp... Olha o texto que tô escrevendo)

4. NÃO TÁ ESCRITO, NÃO FOI DE VERDADE. Eu escrevo bastante esse tipo de texto bizarro, falando comigo mesmo, há cinco ou seis anos eu acho. E CARA, fico aqui pensando o que seria de mim se não tivesse escrito algumas coisas, tipo a minha melhor transa, ou MEU! O livro que escrevi sobre um amor verdadeiro, sério, um ano depois, já existem coisas que se eu quiser lembrar ficaram escritas... A mente é esperta, esquece rápido, só que o escritor é bobo, ele pode lembrar e até sentir coisas de novo. Isso sim é um lado horrível em escrever. (Eu amei uma garota muito loucamente ano passado, outro dia eu compro um vinho e escrevo sobre isso ok)

5. VAI ATÉ O FINAL, PORRA! Eu falo muito palavrão, eu xingo como o caralho. Desculpa ae. Mas é uma das lições que ainda tão no processo de aprendizado... Meu, eu gosto de muita coisa diferente, muitos assuntos diferentes me atraem, o que eu posso fazer? Isso é a alma do hedonista, pular de galho em galho, procrastinar, ser feliz de cinco em cinco minutos. Mas a sensação de terminar algo por completo é maior que qualquer felicidade express. Cara, quando terminei o livro foi algo assim, CARALHOOOOOOO MANO EU TERMINEI ESSSA PORRAAAAAA!!! E vamo falar aqui, pra ser levado a sério, você tem que levar suas coisinhas a sério também né... Não ficar planejando quadro de jeans-art e deixar por meses na gaveta pra terminar...

6. PERDER-SE É BOM, mas não é tudo. Hoje eu vejo que consegui aquilo que tanto buscava, viajar dentro da minha existência e essas parada chapada que eu curtia... Só que no final desse caminho, é a mesma coisa... Você encontra o seu diamante, você se conhece por dentro, mas a verdade é que NINGUÉM VAI TE CONHECER DE VERDADE, exceto você mesmo, claro (se você se encontrar), e o amor da sua vida (se você o encontrar depois de ter se encontrado).

OK. Fiz essa listinha aqui e já deu pra mim hoje, tô com sono. Amanhã trabalho e acordo cedo porque o Luas tá em greve... Talvez amanhã eu escreva um pouco mais sobre qualquer bosta, beleza?

Paz

Mas olha quem tá de voltaaaaaaaaaaaaaa

Então, pois é. Eu gosto mesmo de escrever, isso é uma bosta. Tenho outros dois blogs soltos por aí, mas o Hedonistando foi o que eu mais me identifiquei como sendo o meu diário. Nesses textos de 2014 eu era um pouco diferente (sério?), mas foi aqui que escrevi umas boas verdades que hoje já tinha esquecido.

Durante os últimos dias eu fiquei sem escrever absolutamente porra nenhuma. Sinceramente, o início do ano até agora tem sido pouco produtivo e muito louco, atualmente eu tô no meio de uma guerra entre mente x coração. Uns troço muito louco cara. Daí o que o André vai fazer pra respirar um pouco? Ele vai e escreve no blog secreto dele haha

Sim, eu voltei. E pra que fique de lembrança porque eu sou o fdp mais esquecido do planeta, esses são meus outros dois blogs. Lá eu escrevo um monte de bosta também:

Lixeira (Tumblr) - http://lixeirada.tumblr.com/
==> Aqui o lance é mais poetista e tal, rola umas prosa manera, contos e baboseiras afins.

Lixeira do Cafa (Wordpress) - https://lixeiradocafa.wordpress.com/
==> É o protótipo do Lixeira no Tumblr, mas nesses dias eu andava escrevendo uns textos mais longos.

E pra fechar, vai ser no Hedonistando que eu vou trocar uns segredos (o que eu puder, claro) com o André que vai ler daqui a alguns anos de novo.

Paz,

André